Leia na íntegra a carta de demissão da ministra da Administração Interna

Ministra da Administração Interna Constança Urbano de Sousa visita Arouca
Fotografia de José Coelho/Lusa

“Exmo. Senhor Primeiro-Ministro,

Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções e dei-lhe tempo para encontrar quem me substituísse, razão pela qual não pedi, formal e publicamente, a minha demissão. Fi-lo por uma questão de lealdade.

Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposto pela Comissão Técnica Independente. Manifestou-me sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci.

“Logo a seguir à tragédia de Pedrógão pedi, insistentemente, que me libertasse das minhas funções”

Desde Junho de 2017, aceitei manter-me em funções apenas com o propósito de servir o país e o Governo que lidera, a que tive honra de pertencer.

Durante a tragédia deste fim-de-semana, voltei a solicitar que, logo após o seu período crítico, aceitasse a minha cessação de funções, pois apesar de esta tragédia ser fruto de múltiplos factores, considerei que não tinha condições políticas e pessoais para continuar no exercício deste cargo, muito embora contasse com a sua confiança.

Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros Extraordinário de dia 21 de Outubro, considerado que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal.”

Resposta de António Costa em comunicado

“A Ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar.

Quero publicamente agradecer à Professora Doutora Constança Urbano de Sousa e dedicação e empenho com que serviu o país no desempenho das suas funções.”

As quatro vezes que a Ministra chorou