Jennifer Sey: “A Levi’s tornou-se o uniforme dos que tinham alguma coisa para dizer”

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A exposição “You say you want a revolution? Records & Rebels 1966-1970” abre hoje (10 de setembro) as portas ao público no Victoria & Albert Museum (V&A). Estivemos em Londres na antestreia da exposição que junta música, moda e cultura, fazendo um retrato fiel e marcante do que foram os últimos cinco anos da década de sessenta.

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A Levi’s conta com cinco peças na exposição e é parceira do V&A na exposição. Falámos com Jennifer Sey (diretora de marketing da Levi’s) para saber mais sobre este projeto.

Para a Levi’s o que significa esta colaboração com o Victoria & Albert Museum? Estamos muito entusiasmados com esta colaboração, é um enorme compromisso para nós. Quando o V&A Museum foi ter connosco, há cerca de um ano atrás, estavam interessados em ir ver o nosso arquivo, para procurarem peças para entrarem na exposição. Temos 5 peças na exposição. Fomos falando e cada vez mais começámos a sentir que fazia sentido ter uma parceria maior na exposição. A exposição está centrada no período de 1966 a 1970, quando a revolução política e cultural aconteceu, sobretudo liderada por jovens. A exposição foca os movimentos culturais, políticos, os valores de igualdade e ambientalismo e como tudo isto acabou por se refletir na música. A Levi’s sempre esteve presente em tudo isto, sobretudo porque se tornou no uniforme dos que tinham alguma coisa para dizer, então se formos pesquisar quem esteve à frente destes movimentos, provavelmente vamos encontrá-los a vestir Levi’s. Estamos presentes com cinco peças na exposição, e sentimos que os valores que se sentem na exposição de expressão própria e liberdade de expressão sobretudo, coincidem com os valores da Levi’s então fazia sentido para nós criar esta parceria.

Porque é que os rebeldes adoram jeans, em particular os Levi’s? É uma boa pergunta. A empresa foi formada em 1853 e o primeiro par de calças de ganga foi feito em 1873, por isso Levi’s tornou-se um símbolo dos pioneiros, dos que lutavam por um futuro melhor. Na décadas 20 e 30 de 1900, continuaram a ser uma símbolo da luta por uma vida melhor mas também ganharam um significado menos literal, um pouco mais dourado, mais conceptual, tornando-se mais sobre o futuro político e sobre a visão que tinham para um futuro melhor, e era por isso que as pessoas escolhiam Levi’s. Isto continuou a fazer mais sentido para os revolucionários do final dos anos sessenta e depois disso nos anos 80. A Levi’s tem-se mantido como um símbolo de auto expressão e liberdade, em todo o mundo e para várias gerações. São estes os valores que a Levi’s tem apoiado em todo o mundo.

É essa a diferença entre a Levi’s e as outras marcas de jeans, hoje todos fazem roupa em ganga, porque é que é a levi’s diferente? Nós fomos os primeiros e isso faz a diferença, estamos na categoria de inventores. Mas acho que a Levi’s tem muito mais significado que a maioria das marcas, todos fazem jeans e muitas marcas têm o seu próprio ponto de vista na moda mas acaba aí, não têm um significado maior que esse, não pensam para além da esfera da moda. São uma marca, uma opção de estilo. A ganga é um símbolo de revolução e rebeldia, mas a Levi’s representa esses valores muito melhor que qualquer marca.

O que é que torna uma peça de roupa num “statement”? Para mim é a forma como o que vestimos tem a capacidade de exprimir quem somos. Há uma peça na exposição que é muito bonita, são uns jeans com retalhos que foram claramente cozidos por quem os usou. É isso que a Levi’s defende, a capacidade de vestir a roupa de uma forma muito pessoal, que revele quem somos e não o ponto de vista e sensibilidade de um designer. É sobre ti e sobre o que queres dizer sobre ti próprio.

É por isso que a costumização é tão importante para a marca? Tem tudo a ver com a forma de expressão. É algo que os fãs da Levi’s sempre fizeram. Foi por isso que tivemos a ideia da campanha #liveinlevis, que incentiva os consumidores a usarem as suas peças da Levi’s à sua maneira. Com esta campanha apoiamos isso e incentivamos cada vez mais a costumização nas nossas lojas. Claro que também incentivamos os consumidores a continuarem a fazer as suas costumizações também em casa, porque é isso que é tão único na Levi’s, cada peça é usada de maneira muito própria, com uma expressão de quem somos.

Hoje em dia a relação entre o lifestyle e a moda é cada vez mais importante, porque é que acha que isto acontece? Eu acho que as marcas procuram ter uma longevidade para além das peças que fazem, procuram criar uma relação com o consumidor muito para além do produto. Um bom exemplo é a Apple, claro que adoramos o nosso telefone ou computador, mas o que gostamos mesmo é dos valores que a marca transmite: ser criativo, pensar de maneira diferente. Com a Nike acontece o mesmo, o que adoramos é a mensagem: “devemos encontrar e fazer o nosso próprio destino”. Quando penso em marcas de grande consumo como a Apple, a Nike, a Disney e a Levi’s o que vejo é que são marcas que representam mais do que aquilo que produzem e é por isso que são capazes de desenvolver uma relação muito mais forte com os consumidores.

Acha que é a moda que influencia ou a sociedade ou é a sociedade que inspira a moda? Acho que acontecem as duas coisas. E isso é muito percetível nesta exposição no Victoria & Albert Museum, onde percebemos que música, moda e cultura se inspiram mutuamente. É um processo natural e sublime.

Quais são os próximos planos para a Levi’s? Vamos continuar a trabalhar na campanha #liveinlevis. Vamos continuar a pesquisar os nossos arquivos para reinventarmos as peças antigas da marca. Vamos continuar a trabalhar com músicos, que é algo que é uma ligação muito importante da marca. Costumam ser os músicos a escolher-nos, mas nós agora escolhemo-los de volta, para fazerem parte do Levi’s Music Project. Vamos trabalhar com músicos em todo o mundo e levá-los de volta às suas comunidades onde os vamos ajudar a criar oportunidades para os jovens aprenderem música. Queremos apoiar a próxima geração de artistas e é isso que pretendemos com o Levi’s Music Project.

Qual é o segredo para uns jeans perfeitos? Acho que o segredo é quem os está a usar. Acho que toda a gente quando veste uns jeans, se sente de forma diferente, depende de como assentam, a confiança que nos dão. Quando vestimos umas calças de ganga temos de nos sentir a melhor versão de nós mesmos. Uns jeans têm de ser como uma segunda pele, têm nos fazer sentir autênticos.

E qual é o look perfeito para umas calças de ganga? Acho que depende do nosso estilo pessoal, em particular para as mulheres, que têm um corpo tão diferente umas das outras. Os skinny jeans são os mais populares entre as mulheres, mas vemos um crescimento dos cortes direitos, acho que a variedade é a palavra de ordem neste momento. As mulheres não costumam usar só um estilo, mudam a roupa conforme se sentem, já os homens são muito mais fíeis a um único estilo.

Acha que as mulheres têm uma relação diferente com os jeans? Têm, é um pouco mais desafiante. Para as mulheres é mais difícil encontrar uns jeans perfeitos. É como encontrar o fato de banho certo, não é fácil e muitas de nós não gostamos do processo de procura. O que queremos é tirar esse desconforto e dizer que a escolha não tem nada ver com o tipo de corpo ou estilo mas sim com a forma como se sentem quando os vestem.