Depois de dez anos à espera de diagnóstico, mulheres que sofrem de endometriose na sua expressão mais aguda arriscam esperar ainda mais seis a 18 meses por cirurgias.
“No Sistema Nacional de Saúde a resposta infelizmente é parca o que leva a listas de espera que podem variam entre 6 a 18 meses nos poucos hospitais que conseguem oferecer um tratamento adequado”, afirma ao Delas.pt a ginecologista-obstetra, especialista em endometriose, uma doença que leva em média dez anos a ser identificada, avolumando ainda mais o tempo de espera e a incapacidade.
Fiiipa Osório lembra que “quando uma mulher é diagnosticada com endometriose deve procurar apoio especializado de forma a ser orientada de acordo com os seus objetivos, o seu envolvimento pela doença e as suas queixas”.
A também membro da direção da Secção de Endoscopia da Sociedade Portuguesa de Ginecologia vinca que, “dado ser uma doença que acompanha a mulher ao longo da sua vida, é importante haver uma abordagem multidisciplinar e holística forma a manter a doença controlada e permitindo devolver o mais possível a qualidade de vida”.
Endometriose com marcha este sábado, 25 de março
No âmbito do movimento mundial WorldWide EndoMarch, a MulherEndo – Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose – convoca uma marcha pela maior sensibilização e divulgação da doença. A EndoMarcha vai acontecer a 25 de março, no Parque das Nações, em Lisboa, a partir das 14.00 horas.
A Endometriose – que se caracteriza pelo aparecimento de tecido do endométrio fora do útero – é uma doença que provoca dores pélvicas crónicas incapacitantes e infertilidade.
Existem cerca de 350 mil mulheres com esta doença em Portugal, uma estatística que resulta da certeza de que uma em cada 10 em idade fértil é atingida com este problema, que é mais comum em idades compreendidas entre os 30 e os 35 anos, segundo a ginecologista-obstetra, Filipa Osório. A médica também afirma que a “desvalorização dos sintomas permite a evolução da doença.” Este facto pode explicar-se pelo facto dos sintomas poderem ser confundidos com outras doenças, visto que se caracterizam pela dor na zona pélvica, manifestada durante a menstruação, durante as relações sexuais e ao urinar e evacuar. Por este motivo, não deve recorrer a nenhum tratamento sem efetuar primeiro o diagnóstico.
Em fevereiro, a endometriose e adenomiose estiveram a debate parlamentar, com a larga maioria dos partidos a apresentar propostas e resoluções no sentido de melhorar condições das mulheres que sofrem destas doenças quer no trabalho, quer na saúde. Porém, a maioria socialista chumbava a maior parte dos diplomas.
“Tendo em conta o o que observámos e a unanimidade de todos os partidos políticos da implementação destas medidas para a Endometriose e Adenomiose, todas estas rejeições no Parlamento foram mesmo um balde agua fria”. O desabafo é da presidente da MulherEndo — Associação Portuguesa de Apoio a Mulheres com Endometriose, Susana Fonseca.