‘Listen’: Filme sobre a retirada dos filhos a emigrantes estreia-se no cinema

Ana Rocha de Sousa GI Jorge Amaral
Ana Rocha de Sousa [Fotografia: Jorge Amaral/Global Imagens]

Uma família de emigrantes portugueses em Londres, a quem é retirada a guarda dos filhos por suspeita de maus tratos é o centro da história do premiado filme Listen, que se estreia esta quinta-feira, 22 de outubro, em 57 salas de cinema.

Esta é a primeira longa-metragem de ficção de Ana Rocha de Sousa, um drama familiar inspirado em factos reais, sobre uma família de emigrantes portugueses em Londres, a quem é retirada a guarda dos filhos, por suspeitas de maus-tratos. A narrativa acompanha os esforços da família em provar que as suspeitas são infundadas, perante o sistema social e judicial britânicos.

Com coprodução luso-britânica, o filme foi rodado nos arredores de Londres com elenco português e inglês, encabeçado por Lúcia Moniz, Ruben Garcia e Sophia Myles.

“Não é de todo um filme contra ninguém em específico, mas pretende levantar questões; se não haverá outras formas de salvaguardar o superior interesse estas crianças e destas famílias para lá da adoção. (…) A grande dificuldade do tema são algumas definições demasiado subjetivas em termos legais que tornam o sistema [social] muito falível”, contou a realizadora à agência Lusa, quando o filme teve estreia em setembro, no Festival de Cinema de Veneza.

Foi neste festival que Ana Rocha de Sousa venceu seis prémios, dois dos quais relevantes: o Leão do Futuro, para uma primeira obra, e o prémio especial do júri da competição “Horizontes”.

O filme conquistou ainda quatro “prémios colaterais”, como explica a produtora: “Sorriso Diverso”, para melhor filme estrangeiro, “Prémio Bisato d’Oro”, da crítica independente, Prémio Fundação Casa Wabi – Mantarraya e Prémio Especial da associação de imprensa estrangeira em Hollywood.

Com distribuição internacional pela norte-americana Magnolia Pictures, “Listen” tem estreia assegurada, segundo a produtora portuguesa, nos Estados Unidos, Canadá e em grande parte do mercado sul-americano.

O filme estrear-se-á ainda na Europa, mas em data a anunciar, tendo em conta a evolução da pandemia da covid-19, e tem estreia internacional garantida nos Estados Unidos, Canadá, Europa e América do Sul.

Ana Rocha de Sousa, 41 anos, entrou no cinema pela porta da representação, sobretudo em televisão, tendo participado em séries de ficção como “Riscos”, “A raia dos medos”, “Morangos com açúcar” e “Jura”.

Estudou na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e emigrou para o Reino Unido, onde estudou cinema, passando para o outro lado da câmara a realizar curtas-metragens e, depois, a longa “Listen”. No dia em que foi premiada em Veneza, Ana Rocha de Sousa afirmou à agência Lusa que os prémios conquistados significam que “valeu a pena a luta” para estar atrás das câmaras.

“Existem sempre momentos em que podemos estar sozinhos em casa a pensar ‘eu podia fazer tanta coisa, se calhar não vou conseguir’. O importante é não desistir, eu estive para desistir, mas não desistam, independentemente de quais forem as adversidades”, disse. Atualmente, Ana Rocha de Sousa prepara uma nova longa-metragem.

CB com Lusa