Raparigas são melhores em letras, rapazes em matemática

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Professores (Natacha Cardoso/Global Notícias)

Portugal registou resultados históricos em literacia científica e na leitura no PISA de 2015, a edição mais recente do Programa Internacional de Avaliação de Alunos, dirigido aos estudantes de 15 anos.

No entanto, no que se refere aos indicadores de equidade relativos ao género e ao contexto social, Portugal continua abaixo da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). As discrepâncias sociais e por género não evoluem desde 2006.


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As diferenças entre rapazes e raparigas não são apenas uma realidade nacional. Os dados divulgados esta terça-feira, 6 de dezembro, pela OCDE, mostram que, no conjunto dos 33 países analisados há diferenças de género nos resultados obtidos por disciplina.

Apesar do fosso nas ciências ser mais reduzido do que o que acontece na matemática e na leitura, a percentagem de alunos de topo nas ciências continua a ser maior entre os rapazes do que entre as raparigas. Por outro lado, as raparigas são melhores na leitura do que os rapazes.

Portugal é um dos países onde a diferença de género é maior na área das ciências e da matemática, favorecendo os rapazes, como destaca a OCDE. “Entre os países onde mais de 1% dos estudantes tem desempenhos de topo em ciência, na Áustria, no Chile, na Irlanda, em Portugal e no Uruguai, cerca de dois em cada três destes alunos são rapazes”.

Apenas a Finlândia tem mais raparigas do que rapazes neste indicador. Nos restantes países, a diferença de género não tem relevância estatística.

Nas conclusões ao relatório, a OCDE acrescenta que “um em cada quatro rapazes e raparigas disseram que esperavam conseguir trabalhar numa ocupação relacionada com as ciências, mas em áreas muito diferentes: as raparigas desejam, sobretudo, trabalhar no setor da saúde, enquanto os rapazes preferem as profissões ligadas às tecnologias da informação e comunicação, serem cientistas ou engenheiros.”

Ao nível da leitura, a apesar de as raparigas se manterem à frente dos rapazes, Portugal é uma das nações que apresenta menor disparidade de valores entre os dois sexos.

A média nos países da OCDE acompanha essa tendência, verificando-se uma redução da desigualdade de género entre 2009 e 2015, graças a uma evolução do desempenho dos rapazes naquele campo. Entre eles, essa melhoria observou-se sobretudo nos alunos de topo. Por outro lado, verificou-se um decréscimo nas competências de leitura nas raparigas, “particularmente entre as alunas com piores notas escolares”, salientam os especialistas.