Perda de cabelo e quebra de libido na lista de sintomas de Covid Longa

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[Fotografia: Unsplash/Adam Niescioruk]

Um estudo britânico que envolveu mais de dois milhões de pessoas acaba de concluir pela adição de dois novos sintomas à lista de Covid Longa, ou seja, efeitos a longo prazo de quem foi contagiado pelo SARS-CoV-2. São eles a perda de cabelo e uma crescente falta de libido, e que se juntam a perto de seis dezenas de sinais, com particular destaque para, problemas respiratórios, perda de olfato, confusão mental e fadiga crónica.

A investigação coligiu os dados recolhidos entre janeiro de 2020 e abril de 2021, foi publicada na revista Nature Medicine (que pode ser lida no original aqui) e reuniu os sintomas mais frequentes declarados por quem teve covid-19 e após 12 semanas do episódio de infeção, comparando com quem não foi contagiado. A amostra foi composta por 480 mil pessoas que foram infetadas e não hospitalizadas e 1,9 milhões que terão escapado ao contágio.

“Esta pesquisa valida o que os pacientes têm dito aos médicos e decisores de políticas durante a pandemia, que os sintomas de Covid Longa são extremamente amplos e não podem ser totalmente explicados por outros fatores, como estilo de vida ou condições crónicas de saúde”, justifica, em comunicado, o professor clínicoem Saúde Pública da Universidade de Birmingham, Shamil Haroon.

Para o coordenador sénior do estudo, “os sintomas que identificamos devem ajudar os médicos e políticos a melhorar a avaliação de pacientes com efeitos a longo prazo do COVID-19 e, posteriormente, considerar como essa carga de sintomas pode ser melhor gerida”.

Em Portugal, desde março que estão definidas, pela Direção-Geral da Saúde, linhas orientadoras e abordagem clínica para a Covid Longa, em “crescimento” em Portugal, lia-se no documento à data. Sintomas, reconhecia a autoridade de Saúde, que podiam “interferir na qualidade de vida” das pessoas afetadas.

“O espetro de sintomas mais frequentes na condição pós-covid-19 inclui fadiga, dispneia (falta de ar), alterações do olfato e do paladar, depressão e ansiedade e disfunção cognitiva“, adiantava a norma assinada pela diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, e dirigida aos profissionais de saúde.

A `long covid´ tem repercussões funcionais potencialmente graves, que interferem com a qualidade de vida e capacidade laboral das pessoas afetadas, com óbvio impacto socioeconómico, adiantava ainda a DGS, que considera que a “persistência dos sintomas além das quatro semanas tem vindo a ser pouco estudada nos cuidados de saúde primários, local de acompanhamento da maioria das infeções por SARS-CoV-2″.

Segundo as regras agora publicadas, as equipas de ligação entre os cuidados de saúde primários e cuidados hospitalares “devem otimizar a articulação entre os diferentes níveis de cuidados”.