Os efeitos da menopausa são completamente transversais. E se os sintomas são de espetro alargado, o que muda definitivamente na vida e no corpo das mulheres não é menor. Mas, no que diz respeito à dermatologia na zona genital, o que fazer para minimizar sinais, impactos e consequências no fim deste período de fertilidade?
Desde lubrificantes, a tratamentos laser e injeções de ácido hialurónico, são muitos os tratamentos disponíveis para fazer face à sequelas deixadas pela menopausa.
Ao Delas.pt, a dermatologista Leonor Girão deixa algumas recomendações sobre o que fazer, bem como o que é mais e menos aconselhado num país em que existem dois milhões e meio de mulheres com mais de 52 anos, das quais apenas 5% têm aconselhamento médico nesta fase de transição.
Cremes e lubrificantes
Para combater os efeitos da menopausa na área genital, “existem lubrificantes, cremes com estrogénios de aplicação local e que podem compensar”, afirma Leonor Girão. Para a dermatologista, “trata-se de dois tipos de produtos que podem ser utilizados por rotina e melhorar não só a performance sexual, como promover o conforto e evitar a secura, o ardor”.
A menopausa surge, também, muitas vezes associadas a incontinência e envelhecimento vaginal, secura e atrofia. Nestes casos, os tratamentos que existem são distintos.
Das injeções ao laser
“Existem tratamentos com ácido hialurónico injetável exatamente dentro das mucosas, o que fará com que a pele fique com mais rubor e menor atrofia”, refere Leonor Girão.
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“Há também dermatologistas que fazem tratamentos a laser, que é especificamente de aplicação vaginal e melhora o combate à atrofia muscular sentida nessa zona”, afirma a dermatologista. “Assim como usamos laser para tirar rugas e rejuvenescer a pele, fazemo-lo também no canal vaginal”.
A médica diz tratar-se de um tratamento indolor, mas de caráter frequente. “Em média, são necessários três, com intervalo de um mês e, depois, duas vezes por ano”, explica.
“Da mesma maneira que se vai ao cabeleireiro regularmente porque o cabelo não para de crescer, também neste caso a pele não parou de envelhecer, sendo necessário ir rejuvenescendo essa pele para diminuir a secura”, compara a dermatologista, que aconselha cuidados na hora de escolher um especialista que o faça. “É muito importante escolher profissionais com experiência no uso de laser em tratamentos médicos. Estamos a usar equipamentos potentes, cuja aplicação deve ser calculada consoante cada caso e cada senhora. Se for mal feito pode resultar numa queimadura” refere Leonor Girão.
Cuidados de rosto
A menopausa traz sempre consigo “ uma baixa de estrogénios” que vai “diluir a estrutura da pele e a diminuição da produção sebácea e, por isso, e aparecimento de rugas”, lembra a dermatologista. Condições que fragilizam a pele e que propiciam a sua fragilidade às agressões exteriores.
Por isso, os caminhos são simples. “Proteger ainda mais a pele com protetor solar e hidratantes, aplicar cremes e séruns mais nutritivos, com mais retinol, acido glicólico, vitamina C e E para que que a pele tenha uma melhor capacidade de resistência quer às agressões, quer à falta de estrogénio”, vinca Leonor Girão.
Depilação total a laser e efeitos a longo prazo
Para a especialista, escolher fazer depilação integral aos 20 ou aos 30 anos em nada vai interferir com o futuro e com aquilo que se há de sentir quando chegar a fase da menopausa. “É sempre uma questão de gosto pessoal e, na perspetiva de futuro, não há qualquer diferença. O laser atua sobre o folículo e não sobre a pele. Só fará mal se ele for mal calculado e, em excesso, fazer uma queimadura”, refere Leonor Girão.
Mas são ou não os pelos importantes para a saúde vaginal. A dermatologista lembra que eles têm a função de evitar doenças sexuais por contacto da pele e evitar a fricção da roupa, mas é sempre, e sem prejuízo, uma decisão de gosto pessoal.