Luís Buchinho apresenta coleção inspirada em gravuras japonesas em Paris

Luís Buchinho apresentou esta quarta-feira, dia 26, em Paris, uma coleção inspirada nas gravuras japonesas Gyotaku, um método tradicional japonês que os pescadores usavam para reproduzir os peixes que capturavam. O desfile decorreu na Universidade de Paris Descartes, e embora tenha sido apresentado durante a Semana da Moda de Paris, não fez parte do calendário oficial deste evento.

Em declarações à Lusa, Luís Buchinho explicou que na impressão Gyotaku, de meados do século XIX, os pescadores punham tinta num peixe, passavam papel de arroz e ficavam com a impressão quase fotográfica da sua pesca. Foi esse efeito que quis obter no grafismo da sua coleção, quer através de prints, com uma alusão direta aos ‘Gyotaku’, quer recorrendo a esse “processo de quase decalque que existe quando se pega num peixe e se mete uma folha por cima, para se conseguir obter essa imagem”.

“Fiz esse tratamento ao nível têxtil em vários tecidos. Houve tecidos que foram manobrados por dobragens ou por plissados e depois sofreram um decalque de uma folha de foil que lhes deu o efeito completamente diferente e muito perto das texturas que podemos encontrar literalmente nos peixes”, contou.

Buchinho fez, ainda, experiências de estamparia em pele sobre bases de tecidos ‘jersey’, ‘rib’ e renda, e obteve efeitos de brilho metálico semelhante ao das escamas dos peixes. Depois, a morfologia dos próprios peixes ajudou à construção em sobreposição dos casacos e jaquetas.

Para o criador português, esta é “uma coleção que se quer muito esguia, com um movimento veloz, com uma textura aquática transmitida tanto pelas cores, quanto pelos materiais utilizados e pelas transformações que os tecidos sofreram”.

Na passerelle da Universidade de Paris Descartes, houve saias com estampados Gyotaku, vestidos de jersey combinados com tops plissados e cintos de formas onduladas, calças de cintura alta com riscas em cores contrastantes e molas de pressão nas carcelas laterais.

A palete foi dominada pelo azul, preto e branco, com “focos de luz” dados pelos tons rosa malva, fúcsia, vermelho e roxo, mas também graças aos tons metalizados, com efeitos de cobre, de vermelho laca e de chumbo e graças aos brilhos prateados a sugerirem o “brilho molhado da fauna marítima”.

É uma linha que tem uma influência um pouco desportiva, na verdade. Há assim uma mistura de elementos um bocadinho mais ‘couture’ com elementos ligados a uma tendência mais ‘sportswear’ e uma silhueta esguia e delgada quase na sua totalidade, com formas bastante próximas do corpo, formas que acentuam muito a figura feminina de uma maneira muito elegante e com um efeito entre o casual e o sofisticado”, descreveu.

Para o designer, que apresentou pela primeira vez as suas coleções na capital francesa em 2009, “Paris continua a ser o sítio onde a maior parte das grandes tendências são lançadas e onde as assinaturas da moda de autor são cada vez mais e mais vincadas”.

Esta quarta-feira, dia 26, ficou também marcada pela estreia da única marca portuguesa no calendário oficial, a Marques’Almeida, e pelo desfile de Diogo Miranda, na Universidade de Paris Descartes. Já na terça-feira, dia 25, foi a vez da criadora portuguesa Fátima Lopes apresentar pela 40ª vez uma coleção em Paris, também inspirada no universo dos peixes.

Andreia Trindade e Lusa

[Imagem de destaque: Facebook Luís Buchinho/ Elizabeth Pantaleo / NOWFASHION]

Musa da Chanel assiste ao desfile de Diogo Miranda em Paris