
Luvas que carregam acessórios de maquilhagem, peças oversize que procuram corresponder à diluição entre géneros feminino e masculino e cores que apelam a uma união de tons, aqui marcados pelos pretos, castanho-mel, areias, crus, verde-cáqui e cinzentos.
Estas foram as linhas mestras com as quais Luís Carvalho se coseu para a próxima coleção outono/inverno 2022/23 e que apresentou na 60ª edição da ModaLisboa, no sábado, 12 de março, no Lisboa Social Mitra.
À margem da apresentação, o designer abordou outros projetos, as dificuldades da internacionalização e a possibilidade de voltar a desfilar em Paris e para o amigo e colega designer Louis-Gabriel Nouchi.
Qual a narrativa por trás da coleção?
Esta coleção tem como tema o Touch, ou seja, é a união dos vários tons de pele numa peça só. Em termos de construção temos as linhas orgânicas, o patchwork nos últimos coordenados, inspirados em Caroline Walls, artista visual que aposta no movimento da forma feminina, e procurei manter o ADN da marca com uma coleção maioritariamente unissexo. É um caminho que estou a construir na minha marca, porque cada vez mais homens procuram roupa de mulher e as mulheres procuram roupa de homem, por isso cada vez tento criar mais coleções unissexo.
Apostou em acessórios diferentes dos que se costumam ver nas suas coleções. Por que o fez?
Foi uma parceria com a Clarins e, na realidade, aqueles acessórios eram batons e produtos de maquilhagem e, como o resto da parceria, achei que era uma maneira interessante em termos de styling da coleção. Tudo o que se viam nas luvas eram batons, make-up e contorno de lábios.
Foi um convite deles. Quando me disseram que queriam fazer esta parceria tive de arranjar uma maneira que fizesse sentido para mim de forma a introduzir o produto na coleção. Em termos de styling foi uma forma interessante e divertida de a introduzir.
Não, isso foi uma brincadeira e uma coisa de amigos. Provavelmente posso vir a desfilar outra vez para ele, sou amigo dele e convidou-me dessa vez. Achei divertido, porque nós podemos ser o que quisermos e desde que nos estejamos a divertir a fazer as coisas, acho que devemos aceitar os desafios.
Procura internacionalizar a marca? Se sim, de que forma o pretender fazer?
Sim, já tentei, já regredi. É muito difícil porque é preciso muito investimento. Neste momento, tenho a loja online que já chega a todo o mundo, e é preciso é reforçar a marca para poder depois investir no mercado internacional.