“As minhas maiores angústias passam pela má fama que a moda ainda tem. Tenho medo que ela se envolva em situações que possam não ser tão benéficas. Tenho todos os receios, claro. E acompanho-a”, reconhece Alexandra Barbosa, mãe de Mónica Nóbrega, 16 anos e uma manequim recém-chegada a este universo, e que participou no casting para a nova edição da ModaLIsboa, que decorre de 7 a 10 de março, na capital.
Ana Nunes, mãe de Duda Proni, 15 anos, está ligeiramente mais à-vontade. Afinal, a filha já se move neste universo desde os três anos. Mas ainda assim diz: “O coração de mãe acelera sempre, não há como evitar”.
Por isso, deixa a recomendação que considera essencial dar a todas as progenitoras que se confrontem com esta entrada no desejado mundo do glamour e quando os filhos e filhas são ainda menores. “O conselho que deixo é o de conversar sobre tudo com os filhos para que não haja qualquer margem para que algo aconteça e que não se saiba atempadamente”, revela.
Na verdade, foram dezenas de rapazes e raparigas, na sua maioria com mais de 18 anos, que chegaram ao Hotel Tivoli Avenida para prestar provas para ModaLisboa e chegaram quase sempre acompanhados dos bookers das agências que os representavam, que se trocavam nas casas de banho ou ali mesmo na sala de espera, e seguiam depois para os castings. Por isso, naquela tarde em que cerca de centena e meia de manequins desfilou de boxers ou biquinis pretos, houve duas meninas em particular que se destacavam pela particularidade de estarem acompanhadas pelas mães.
A moda, a escola e os ‘nãos’
Quer para Ana, quer para Alexandra há um pressuposto inviolável na família se o caminho das suas filhas passar por pisar estes trilhos da moda: a escola tem de correr bem! E nem Duda, nem Mónica, respetivamente, estão alheadas dessa responsabilidade. “A escola sempre esteve em primeiro lugar e ela nunca se esqueceu disso. Tudo tem corrido bem nessa esfera, mas o sonho dela é estar ligada a este mundo”, refere a atriz brasileira.
Mónica tem outros projetos a correr em paralelo para o futuro e sonha com Belas Artes – com Pintura e Escultura -, mas as notas continuam imaculadas, garante a própria, enquanto a mãe confirma, sorrindo e acenando com a cabeça. “Tive sempre boas notas, a escola não está em causa”, reafirma.
Num mundo em que o ‘não’ é, na maioria das vezes, um dado garantido, como se gere a frustração? Para Mónica, o histórico é recente até porque participou em “quatro ou cinco castings”, mas Duda leva já uma longa carreira. E Ana Nunes tem a resposta para estes contratempos. “Ela sabe lidar com os nãos muito bem, ela sabe que 90% das vezes é essa a resposta. Ela já sabe”, repete, enquanto lembra a importância da maturidade quando se entra neste universo.
O que mudou em casa?
Ser manequim implica alimentação cuidada, cuidados de pele, sono e desporto. Realidades para as quais mães e filhas já pareciam estar mais ou menos preparadas antes de pisarem uma sala de casting ou sorrirem para uma câmara fotográfica. “Não fazemos nada de particular em casa. Sempre fomos cuidadosos na alimentação e no dormir, não é diferente por a Duda estar neste meio”, reitera a mãe, que admite que os gastos com produtos de beleza talvez tenham aumentado “um pouco”.
Para Alexandra, mãe de Mónica, os hábitos já eram saudáveis dentro de portas. Mas houve uma vantagem clara que surgiu com a entrada da filha neste mundo: “Ela deixou de roer as unhas”. Mónica sorri e concorda, mesmo quando a mãe explicou que a maior alteração na gestão familiar passou pela prática de exercício físico. “Ela agora faz mais desporto e tem mais cuidados com a pele”, revela Alexandra Barbosa.
Imagem de destaque: Gerardo Santos/Global Imagens
