Maia e Salomé e a invasão russa. Quem são as presidentes que pediram para entrar na UE

Maia Salome
Maia Sandu e Salome Zourabichvili [Fotografias: AFP]

A Moldávia e a Geórgia solicitaram, na quinta-feira, 3 de março de 2022, a entrada das antigas repúblicas soviéticas na União Europeia. A presidente moldava Maia Sandu assinou o documento e publicou isso mesmo nas redes sociais dois dias depois da homóloga da Georgia, Salome Zourabichvili, ter estado em Bruxelas.

“Assinámos o pedido de adesão à UE”, disse a presidente Maia Sandu à imprensa. “Algumas das decisões precisam de ser tomadas de forma rápida e decisiva”, acrescentou. Os moldavos querem “viver em paz, democracia e prosperidade, fazendo parte do mundo livre”, aditou.

A Moldávia, recorda a agência France Presse, assinou um acordo de associação com Bruxelas em 2014, mas não oferece garantia de maior integração. O ministro das Relações Exteriores, Nicu Popescu, declarou que foi “um dia que as gerações futuras lembrarão com orgulho, é o momento em que nosso país se ancorou irreversivelmente no espaço europeu”.

A Geórgia voltou a reiterar intenções e a antecipa-las uma vez que, no ano passado, pediu para se candidatar à adesão à UE em 2024. Fá-lo agora dois anos antes e na sequência da invasão russa do território ucraniano.

O país “é um estado europeu e continua a dar uma contribuição valiosa para sua proteção e desenvolvimento”, acrescentou o primeiro-ministro Irakli Garibashvili após assinar a carta de solicitação. “A história considerou a escolha europeia do povo georgiano como um objetivo estratégico”, referiu, citado pela agência noticiosa AFP.

“Estamos à espera há tanto tempo quanto a Ucrânia. Estamos no mesmo caminho, devemos ser levados em conta … Não devemos ser esquecidos”, disse a presidente Zourabichvili dois dias antes, na terça-feira, 3 de março, e após encontro com Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, e Charles Michel, presidente do Conselho Europeu.

Para entrarem na União Europeia, é necessária a unanimidade dos 27 Estados-membros e os novos países terão de cumprir critérios que têm em conta o respeito pelos Direitos Humanos, a estabilidade económica ou o nível de corrupção.

Mas quem são estas mulheres que, apesar dos 20 anos de diferença entre si, têm inúmeras semelhanças? Têm relações internacionais e economia no currículo, formaram os seus próprios partidos, foram deputadas e lideram países que estão nas fronteiras com a Ucrânia.

Maia Sandu, 49 anos

Nasceu a 24 de maio de 1972, em Risipeni, uma cidade a mais a norte de Chisinau, a capital do país.

Presidente da Moldávia, Maia Sandu [Fotografia: AFP]
Presidente da Moldávia, Maia Sandu [Fotografia: AFP]

Formou-se na Academia de Estudos Económicos, tendo aprofundado conhecimento no país e em Relações Internacionais. Nesse período, entre 1994 e 1998, trabalhou como consultora no Ministério da Economia, seguindo depois como economista no Banco Mundial, na capital moldava, como refere a biografia oficial citada no site da presidência.

Maia Sandu ocupou várias posições de relevo quer no Ministério da Economia do país quer na área da reforma da administração pública e, em 2010, obteve um Master em Políticas públicas, na Universidade norte-americana de Harvard. Nos dois anos seguintes, foi assessora do diretor Executivo do Banco Mundial em Washington.

Sandu regressou depois à Moldávia, onde ocupou o Ministério da Educação até julho de 2015.

No ano seguinte, em 2016, fundou o seu próprio partido Ação e Solidariedade (PAS), estrutura a que presidiu até renunciar após vitória nas eleições presidenciais. Durante quatro anos, foi deputada e, em junho de 2019, foi nomeada primeira-Ministra da República da Moldávia, cargo que ocupou por cinco meses, até novembro de 2019.

A 24 de dezembro de 2020, Maia Sandu tomou posse como Presidente da República da Moldávia, após vitória na segunda volta das eleições presidenciais (15 de novembro de 2020).

Salome Zourabichvili, 69 anos

Formada em política e com longa carreira diplomática, tornou-se na primeira mulher a assumir os destinos do país, em dezembro de 2018.

Presidente da Georgia Salome Zourabichvili [Fotografia: François WALSCHAERTS / AFP]
Presidente da Georgia Salome Zourabichvili [Fotografia: François WALSCHAERTS / AFP]

Salome Zurabishvili nasceu em 1952 em Paris, França, e após a partida dos pais da Georgia, em 1921, e na sequência da anexação do território pelas forças soviéticas. Formou-se no Instituto de Estudos Políticos francês, entre 1969 e 1972 e prosseguiu em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América.

Na biografia oficial que consta do Council of Women World Leaders, entidade internacional atualmente liderada pela primeira-ministra da Islândia Katrín Jakobsdóttir, Salome Zourabichvili, com 69 anos, trabalhou, “de 1974 a 2004, no serviço diplomático do Ministério das Relações Exteriores de França em várias embaixadas (Itália, Estados Unidos e Chade) e com representações francesas em organizações internacionais (ONU, OTAN, União Europeia, OSCE)”.

Em 2003, foi nomeada Embaixadora Extraordinária e Plenipotenciária da França na Geórgia. De 2004 a 2005, atuou como Ministra das Relações Exteriores da Geórgia. Depois de deixar o cargo, fundou o partido político “O Caminho da Georgia”, a 11 de março de 2006.

Dez anos depois, era eleita deputada no Parlamento da Georgia e, em 2018, presidia o país.