Mais de 130 açorianas obrigadas a voarem até Portugal continental para fazerem IVG

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[Fotografia: Pexels/Ekaterina Belinskaya]

A existência de médicos especialistas em ginecologia/obstetrícia objetores de consciência nos hospitais do SRS “comprometeu a capacidade assistencial local” para proceder a Interrupções voluntárias da Gravidez (IVG), justifica o secretário regional dos Assuntos Parlamentares e Comunidades, Paulo Estêvão, numa resposta a um requerimento do deputado único do BE/Açores, António Lima.

De acordo com os dados disponibilizados, 131 utentes tiveram, em 2023, de fazer IVG no continente, sendo obrigadas a viajar para o efeito. As razões? Segundo o executivo açoriano, em 2024, existiam 14 médicos especialistas em ginecologia/obstetrícia nos três hospitais dos Açores, sendo que 11 declararam objeção de consciência para a prática de IVG.

“Esta limitação, somada à necessidade de assegurar o cumprimento dos prazos legais para a realização dos procedimentos de Interrupção Voluntária da Gravidez (IVG), resultou na impossibilidade de dar resposta, face à procura, resultando no encaminhamento das utentes para o território continental do país”, esclareceu.

O titular da pasta dos Assuntos Parlamentares apontou que, de janeiro a abril de 2024, foram encaminhadas para o Hospital do Divino Espírito Santo 21 utentes de outras ilhas. Já de janeiro a setembro de 2024, na ilha de São Miguel solicitaram a IVG 74 utentes do SRS.

O secretário regional adianta na resposta ao BE/Açores que atualmente, o Serviço de Ginecologia/Obstetrícia do HDES “tem condições para dar resposta apenas aos pedidos de IVG provenientes das ilhas de São Miguel e Santa Maria”. Paulo Estêvão adiantou que, no primeiro trimestre de 2025, será realizada uma “avaliação faseada para determinar a possibilidade de retomar o encaminhamento de utentes de outras ilhas para a realização de IVG no HDES”.