Mais de 2/3 da população mundial com falta destes quatro micronutrientes. Mulheres e homens têm carências distintas

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[Fotografia: Freepik]

A análise traçou o retrato de padrões alimentares extrapolando-os a 185 países, que incluem mais de 99% da população mundial, e traz conclusões preocupantes em matéria de carência de micronutrientes vitais para saúde, bem-estar, produtividade e qualidade de vida.

Neste estudo levado a cabo pela Escola de Saúde Pública de Harvard T.H. Chan e da Universidade da Califórina-Santa Bárbara, existem cinco mil milhões de pessoas (mais de 2/3 da população global) com consumos de iodo, vitamina E ou cálcio abaixo do recomendado. Um valor quase semelhante de pessoas não ingere adequadamente ferro e cerca de metade da população global (quatro mil milhões de habitantes) tem carência de riboflavina (vitamina B2), ácido fólico e vitamina C.

“Esses resultados são alarmantes”, afirma Ty Beal, técnico da Global Alliance for Improved Nutrition e co-autor desta análise publicada a 29 de agosto último (e que pode ler no original aqui). No comunicado à imprensa, o mesmo especialista alerta para o facto de “a maioria das pessoas — mais do que se pensava previamente – em todas as regiões e países de todos os rendimentos não está a consumir suficientes vários micronutrientes essenciais. Lacunas que comprometem os resultados de saúde e limitam o potencial humano em escala global”.

Resultados que também refletem disparidades de género. Segundo a análise, as mulheres registaram taxas deficitárias mais altas de ingestão de iodo, vitamina B12, ferro e selénio. Já os homens, por outro lado, mostraram evidências de uma ingestão insuficiente de magnésio, vitamina A, B6 e C, zinco, tiamina e niacina. Olhando para estas carências, é importante vincar que o iodo é crucial para a tiróide e desenvolvimento do cérebro, especialmente durante a gestação e crianças pequenas. O cálcio é essencial para manter ossos e dentes fortes, o ferro é imprescindível para produzir hemoglobina e proteger da anemia.

O estudo, que tem como limitações o facto de se suportar num modelo que estima a ingestão média de micronutrientes em 31 países – exportando dados para 185 territórios – e de não contabilizar médias de suplementação, pretende alertar os responsáveis por políticas de saúde para estas carências e para a necessidade de aplicar novos modelos para suprimir estas lacunas nutricionais. “O desafio de saúde pública que enfrentamos é enorme, mas os profissionais e estrategas de políticas da saúde têm a oportunidade de identificar as intervenções dietéticas mais eficazes e direcioná-las às populações mais necessitadas”, pede, citado em comunicado, outro coautor da análise, Christopher Golden, professor associado de nutrição e saúde mundial na Harvard Chan School.