Mais divorciados e mais velhos. Eis quem procurou o amor na quarentena

Woman with protective face mask texting on mobile phone
[Fotografia: Istock]

Se nos primeiros tempos de isolamento social, a plataforma portuguesa de encontros amorosos reportava a chegada de mais mulheres como aderentes, o balanço que faz agora – de 1 de março até 30 de abril – indica que os homens acabaram por aderir em maior número. No Felizes.pt foi registado um aumento de 27% no número de utilizadores, que está agora nos 11 900 indivíduos, face a igual período do ano passado, refere fonte oficial da plataforma em nota enviada à comunicação social. E de entre os novos usuários, 54% são homens e 46% mulheres, maioritariamente oriundos de Lisboa, Porto e Setúbal.

Mas a que se deve esta oscilação? Ao Delas.pt, o fundador do site Felizes.pt, Rui Sousa, salvaguarda: “Apesar de o número de novos inscritos ser do sexo masculino, as mulheres são utilizadoras mais ativas. Ou seja, tivemos muitos homens a criar um perfil mas que depois não regressavam ao site tão frequentemente como as mulheres. Temos recebido cada vez mais feedback de mulheres que se inscrevem porque “uma amiga recomendou”. É o passa palavra.”

Para o responsável, a maior taxa de retenção dos homens deve-se ao facto de, considera, “as mulheres portuguesas se identificarem mais com a proposta do site”, que “romantiza os relacionamentos, que compreende que algumas mulheres, num primeiro momento, preferem autodescrever-se em palavras e não com fotos”. “Por outro lado”, – prossegue Rui – “somos muito seletivos com o público-alvo e afastamos ativamente pessoas que vêm com motivação para relacionamentos casuais”.

 

A média de idades dos novos subscritores também tem subido e situa-se agora nos 40 anos, com especial destaque na faixa etária dos 40 aos 50 anos, com um crescimento na ordem dos 32%.

Chegaram ao site amoroso menos pessoas casadas, mas mais divorciadas e solteiras. “Não podemos dar certeza das razões que levaram o número de casados a descer. Sabemos apenas que se torna mais difícil manter relações extraconjugais estando numa situação de confinamento e maior proximidade com o cônjuge e, por isso, depreendemos esse motivo esteja relacionado com o menor número de casados inscritos”, justifica.

 

Quanto a hábitos de consumo, o fundador do site diz, na nota enviada às redações, que “neste período [da quarentena], todos os dias pareciam iguais e viu-se pouca variação nos acessos durante a semana e fim de semana”, comparando com antigamente, quando “havia picos mais acentuados nos acessos ao site – no fim de semana havia muito mais adesão que durante a semana”.

Ainda assim, lê-se no mesmo comunicado, as sessões estão mais ativas invariavelmente entre as 20.00 e as 23.00 horas, dedicadas maioritariamente a conversa no chat (cerca de 40%). Em termos de dispositivos de acesso, são feitos na sua maioria através do telemóvel (75%), computador (23%) e tablet (2%).

No que diz respeito a eventuais encontros físicos durante o período de isolamento – desaconselhado pelas autoridades de saúde e até pelas próprias plataformas -, Rui Sousa não avança detalhes ao Delas.pt. “É impossível conseguirmos recolher estes dados pois teríamos de quebrar a nossa política de privacidade e não queremos quebrar esse compromisso com os nossos utilizadores”, ressalva.

O responsável explica que “o próprio algoritmo teria dificuldade em compreender o que seria um encontro presencial durante a quarentena porque não conseguiria perceber se é uma marcação de encontro no futuro ou passado”.

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Ainda assim, Rui Sousa antecipa que talvez seja possível “tirar algumas conclusões dos testemunhos, os quais são escritos quando o perfil é fechado porque o utilizador encontrou alguém”. Mediante esta possibilidade, o fundador conta que, “até ao momento, há três testemunhos em junho, 18 em maio e 21 em abril”. Contudo, crê que “as pessoas se mantiveram seguras e seguiram as regras de segurança”. Porém, acrescenta, “não conseguimos comprovar se o que fizeram”.

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