Mais mulheres, entre 35 e 69 anos, da saúde e educação. Eis o perfil da Covid Longa

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O vírus da covid-19 está muito longe de criar danos apenas no momento de contágio da doença. Os sintomas a longo prazo têm vindo a captar a atenção da ciência, que traz cada vez mais investigações e conclusões sobre a permanência dos efeitos gerados doença para lá da sua remissão.

Um estudo levado a cabo pelo Departamento de Estatística Nacional britânico (Office for National Statistics, ONS no original) pediu a 352 mil pessoas que registassem os seus próprios sintomas pós-infeção e cura inicial da doença. A análise, publicada este mês, conclui que – com base na amostra – cerca de 1,3 milhões de cidadãos do Reino Unido têm Covid Longa. Ora, tal significa que aquele é o conjunto de população que garante continuar a ter sintomas por mais de quatro semanas para lá da infeção inicial.

O mesmo estudo – que pode ser consultado no original aqui – traçou o perfil das pessoas mais expostas, com o sexo feminino na linha da frente do risco: maioritariamente composto por “mulheres, dos 35 a 69 anos, pessoas com comorbilidades, que trabalham em áreas como a saúde, assistência social e educação e que residem em zonas com menores condições”.

Já sobre os sintomas Covid Longa mais reportados, mais de metade (51%) falou em fadiga, “37% perda de olfato, 36% falta de ar, 28% com dificuldade de concentração”. Dois em cada dez inquiridos (cerca de 20%) revelou muitas limitações na concretização de tarefas do dia a dia.

“O alerta aqui é que, com base nestes dados, nas ondas anteriores, mais de 800 mil pessoas viram as suas atividades do quotidiano significativamente afetadas ao longo de três meses após contrair covid-19 e quase um um quarto de milhão relatou que isso está a ter um impacto dramático na sua qualidade de vida”, afirma o professor de medicina da Universidade de Exeter, David Strain, citado pela estação pública BBC.

O investigador convoca atenções para a importância de olhar para estes números quando se está diante de uma variante tão contagiosa como a Ómicron, “À medida que continuamos a ver o número de casos de Omicron aumentar, devemos ter cuidado com o facto de a nossa análise depender puramente de hospitalizações e mortes e de esta poder estar a subestimar grosseiramente a nossa atual estratégia covid-19 e o impacto na saúde pública.”