Maitê Proença: o abuso em criança, o assassinato da mãe e o amor com Adriana Calcanhotto

jnlx240905jaMaite Proenca apresenta seu novo livro
[Fotografia: Jose Antonio Domingues]

A atriz de 64 anos lançou livro biográfico em que relatou os episódios difíceis que viveu. Em O Pior de Mim, a obra que escreveu e que vai chegar ao teatro, Maitê Proença põe em perspetiva uma vida marcada por episódios duros e sobre os quais falou esta semana à revista brasileira Veja. Uma conversa onde abordou também a forma como lida hoje com o amor, ao lado da cantora Adriana Calcanhotto, e após ter sido alvo de preconceito.

Mas um aspeto está garantido: a mensagem que pretende passar é otimismo e de superação. “Jamais faria algo para baixo numa hora dessas. O público não tem mais estômago depois de uma pandemia, deste governo e ainda de uma guerra”, afirmou a atriz, que acaba de ser avó, na entrevista à referida publicação

Numa conversa franca, Maitê Proença revela que Mais do que o abuso que sofreu aos 10 anos por parte deu motorista de autocarro e do qual conseguiu escapar, o que mais marcou a sua intimidade foi o assassinato da mãe às mãos do pai. “Nós pensamos que os pais estão ali para nos proteger. Quando isso não acontece, toda a escala de valores tem de ser rearrumada”, revelou. “O abuso, não. Mas a tragédia familiar, sim. A minha relação com prazer foi tardia. A sexualidade implica entrega absoluta e, por muitos anos, não estive pronta para isso”, referiu.

Hoje, aos 64 anos, diz-se a viver a sua sexualidade de forma plena ao lado da cantora e compositora Adriana Calcanhotto. “Agora é bem mais legal, sim. Antigamente eu estava lá investigando, experimentando um pouco aqui e ali. Precisei fazer muitas experiências para chegar a um lugar mais livre e relaxado”, detalhou.

Ainda assim, teve de batalhar contra o preconceito. “Acho que neste momento as pessoas estão mais comedidas com relação ao preconceito, elas têm medo das consequências. Ainda assim, recebi mensagens nas redes do tipo “você me decepcionou” ou “isso é pecado”. Ora, com homem não é pecado, mas com mulher é?”, indagou.