31/03/2018
Malala regressou na quinta-feira, 28 de março, ao Paquistão, pela primeira vez em seis anos e não conseguiu conter as emoções.
A ativista deixou o país, em 2012, depois ter sido atingida na cabeça com um tiro disparado por um talibã, por defender a educação feminina naquele país muçulmano.
A Prémio Nobel da Paz, que foi recebida pelo governo e pelas instituições paquistanesas com honras de Estado, foi incapaz de conter as lágrimas no seu discurso filmado no gabinete do primeiro-ministro, Shahid Khaqan Abbasi. No discurso, Malala, afirmou que regressar ao seu país é um “sonho”.
“Nos últimos anos, sonhei em voltar a pisar o meu país”, referiu Malala – como mostra o vídeo, legendado em inglês -, lembrando que quando visitava cidades como Londres, ou Nova Iorque, imaginava que estava no Paquistão, em Islamabad ou em Karachi. “Estou muito feliz”, disse, sem conseguir conter as lágrimas”
Este sábado, Malala visitou, entre fortes medidas de segurança, Mingora, no noroeste do Paquistão, a primeira visita à cidade natal, neste regresso ao país.
“Visitou com os pais e o irmão a sua casa, onde ficou durante um tempo”, disse uma fonte policial à Efe, que pediu para não ser identificada.
A ativista chegou de manhã num helicóptero militar acompanhada dos pais e irmão à cidade do vale de Swat, onde foi montado um forte dispositivo das forças de segurança e com muitas ruas a permanecerem cortadas pelo exército, adiantou outra fonte à Efe.
Posteriormente, a jovem de 20 anos, que estava também acompanhada da ministra da Informação paquistanesa, Marriyum Aurangzeb, visitou o Instituto de Cadetes Gali Bagh, centro educativo militar, situado a 30 quilómetros de Mingora, onde se reuniu com estudantes num encontro em que estavam convidados amigos de Malala.
Fonte militar acrescentou que a ativista irá ainda visitar uma escola construída pelo Fundo Malala no distrito de Shangla.
Escolas privadas protestam contra Malala
O regresso da ativista ao Paquistão também despertou duras críticas e protestos, como o organizado pela principal associação de escolas privadas do país que, na sexta-feira, usou o lema: “Eu não sou Malala”.
A sua visita ao país deve durar quatro dias, mas o seu itinerário não foi divulgado “por razões de segurança”, indicaram as autoridades.
Quando Malala Yousafzai abandonou o Paquistão encontrava-se entre a vida e a morte, na sequência da tentativa de assassínio pelos talibãs. A ativista regressava da escola quando foi atingida.
Tratada em Inglaterra, onde vive, tornou-se um ícone dos direitos das raparigas à educação, o que lhe valeu o prémio Nobel da Paz em 2014, em conjunto com o indiano Kailash Satyarthi.
AT com Lusa