‘Malhão’, ‘Grândola’ e ‘Amar pelos Dois’ levam Portugal a cancioneiro europeu

Salvador Sobral na Assembleia da republica
Luísa e Salvador Sobral [Fotografia: Paulo Spranger/Global Imagens]

As 164 canções que integram o primeiro ‘Cancioneiro da União Europeia’ foram divididas em seis categorias – Liberdade e Paz, Amor, Natureza e Estações, Populares e Tradicionais, Fé e Espiritualidade e Canções Infantis – e Portugal está representado com um exemplar em cada uma delas.

Em 2018 estiveram a voto 60 canções portuguesas e as mais votadas, por 2666 pessoas, foram: Amar pelos dois, (Amor), Canção do Mar (Natureza e Estações), Grândola, Vila Morena (Liberdade e Paz), Malhão, malhão (Populares e Tradicionais), Foi Deus (Fé e Espiritualidade) e A Loja do Mestre André (Canções infantis).

Amar Pelos Dois, com letra e música de Luísa Sobral, interpretada por Salvador Sobral, foi a canção que deu a Portugal a primeira vitória no Festival Eurovisão da Canção, em 2017.

Canção do Mar, com letra de Frederico de Brito e música de Ferrer Trindade, foi apresentada pela primeira vez por Maria Odete Coutinho, no programa radiofónico “Os Companheiros da Alegria”, e gravada em 1953 por Carlos Fernando, acompanhado pelo Conjunto de Mário Simões. O tema foi recriado várias vezes por outros artistas, como o brasileiro Agostinho dos Santos, a francesa Yvette Giraud e, mais tarde, na década de 1990, Dulce Pontes, tendo esta versão entrado na banda sonora do filme A Raiz do Medo e sido genérico da série policial norte-americana Southland.

Grândola, Vila Morena, com letra e música de José Afonso (Zeca Afonso), incluída no álbum “Cantigas do Maio” (1971), é uma das canções que serviu de senha à Revolução de 25 de Abril de 1974. Ao longo dos anos o tema teve várias versões, da banda chilena Aparcoa ao pianista Pascal Comelade, passando pela cantora brasileira Nara Leão, a fadista Amália Rodrigues e a norte-americana Liberation Music Orchestra, da pianista Carla Bley e do contrabaixista Charlie Haden.

Grândola, Vila Morena, para sempre associada à queda da ditadura portuguesa, surge entre as primeiras canções do cancioneiro, sob o tema Liberdade e Paz, a par de canções como Le Chant des Partisans, composta e interpretada por Anna Marly, referência da Resistência Francesa, e a tradicional italiana Bella Ciao, com origens no século XIX, que também se tornou símbolo da luta contra o fascismo, durante a II Guerra Mundial.

Malhão, Malhão faz parte do cancioneiro popular da região do Douro Litoral.

Foi Deus, com letra e música de Alberto Janes, é um fado celebrizado por Amália Rodrigues. A Loja do Mestre André é uma música tradicional infantil.

No livro, as canções são apresentadas em partitura para voz solo, com acordes, e as letras estão escritas nas 25 línguas originais, que abrangem três alfabetos, e têm tradução em inglês.

Na página do livro dedicada a cada canção há também um código QR, que pode ser lido com recurso a um telemóvel ou tablet, que permite ouvir a gravação original do tema em questão.

Entre os temas de outros países que figuram no Cancioneiro da União Europeia estão O sole mio, de Itália, Ave Maria e Au clair de la lune, de França.

O cancioneiro foi criado com a participação de mais de cem organizações musicais e conservatórios de música, e através de votações públicas que mobilizaram mais de 87 mil cidadãos de toda a União Europeia.

O projeto Cancioneiro da União Europeia foi distinguido pelo Parlamento Europeu com o Prémio de Cidadania Europeia 2023.

Com Lusa