Mancha cor-de-rosa em discurso de Trump no congresso. Esta é a razão

US President Donald Trump Addresses Joint Session of US Congress
[Fotografia: EPA/WIN MCNAMEE / POOL]

A moda pode ser uma arma política e as mulheres democratas voltaram a socorrer-se dela para protestarem contra a administração de Donald Trump. Em dia de discurso ao Congresso, esta terça-feira, 4 de março (já de madrugada em Portugal), dezenas de mulheres democratas compareceram com blazers cor-de-rosa como forma de manifestação contra as medidas que têm vindo a ser tomadas pelo chefe de estado republicano, neste segundo mandato. “Queremos sinalizar o nosso protesto contra as políticas de Trump, que estão a ter um impacto negativo nas mulheres e nas famílias”, justificou a deputada Novo México e presidente do Grupo Democrata das Mulheres (Caucus). Teresa Leger Fernández afirmou ainda à revista Time que a escolha se deve ao facto de “o cor-de-rosa ser uma cor de poder e de protesto, pelo que é tempo de acelerar a oposição e atacar Trump alto e bom som”.

Esta não e a primeira vez que esta plataforma opta por protestos cromáticos. Na primeira administração Trump, o Caucus Democrata das Mulheres optou pelo branco em homenagem às sufragistas que lutaram pelos direitos de voto das mulheres. Já no Discurso sobre o Estado da União, no ano passado, usaram a moda para destacar a defesa pela liberdade dos direitos reprodutivos das mulheres.

A escolha pelo rosa deve-se agora a novas frentes de batalha que estão a ser abertas por decisões tomadas por Trump e que vão desde o aumento de preços e nível de vida devido às taxas alfandegárias impostas a países como o Canadá e o México aos cortes no serviço de saúde vocacionado para famílias e indivíduos de baixos rendimentos Medicaid, passando pelas políticas de ataque à saúde reprodutiva e apoios sociais que atingem desproporcionalmente as mulheres. “Tudo isto está a cair sobre os ombros das mulheres com especial força”, refere Leger Fernández à Time, que lembra que “quando uma mulher perde o emprego, perde a capacidade de cuidar da família”.

Congressista democrata Jill Tokuda, do Hawai [Fotografia: EPA/WIN MCNAMEE / POOL]

 

Desde que regressou à Casa Branca, em janeiro passado, Trump tem colocado em prática mudanças radicais na estrutura do governo federal, em particular com o apoio do seu influente aliado, o empresário Elon Musk, com demissões em massa entre os funcionários públicos e o encerramento de agências governamentais

A presença de Trump perante o Congresso é este ano importante porque a Casa Branca já assumiu que algumas recentes decisões do Presidente podem provocar desconforto mesmo junto de congressistas conservadores, para além, naturalmente, da ira da bancada democrata. O líder democrata na Câmara de Representantes, Hakeem Jeffries, classificou as medidas da Casa Branca como uma “desmontagem sem precedentes” do Governo federal e prometeu mobilizar resistência no Congresso.

Como parte dessa estratégia, vários congressistas democratas convidaram funcionários federais demitidos para assistir ao discurso como forma de protesto.

Apesar do controlo republicano do Congresso, a abordagem de Trump também tem gerado desconforto em alguns setores do partido que o apoia. O senador republicano Steve Womack recordou que compete ao Congresso “testar os limites da autoridade presidencial”.

Nos discursos ao Congresso durante o seu primeiro mandato, Trump alternou entre momentos de otimismo e ataques frontais aos adversários políticos.