Manuela Maria: “Ainda estou apaixonada. E é muito bom”

Lisboa - estreia da peça de teatro Lar doce Lar com Joaquim Monchique e Maria Rueff
Manuela Maria

Aos 81 anos, Manuela Maria é uma das artistas mais respeitadas da sua geração. Em entrevista a Daniel Oliveira para o programa ‘Alta Definição’, que foi exibido ao início da tarde deste sábado, na SIC, a atriz recordou o marido, Armando Cortez, que morreu em 2002 na Casa do Artista, projeto que fundou com Raul Solnado em 1999. “Ainda estou apaixonada. E é muito bom. Sofre-se menos, revelou.

11_10_2000 O ACTOR Manuela Maria e Armando Cortez em 2000, quando a atriz recebeu a comenda da Ordem do Infante D.Henrique (foto: Gerardo Santos / Global Imagens)
Manuela Maria e Armando Cortez em 2000, quando a atriz recebeu a comenda da Ordem do Infante D.Henrique (foto: Gerardo Santos / Global Imagens)

“Do amor que parte, o que fica?”, questionou Daniel Oliveira. “Fica tudo. Senão, não é amor”, respondeu. “Sei que não o tenho fisicamente, mas tenho as recordações todas. As mãos dadas, os silêncios”, prosseguiu Manuela Maria, que elogiou ainda o “sentido de humor extraordinário” de Armando Cortez, com quem esteve casada durante 42 anos.

Manuela Maria estava a mais de 300 quilómetros de distância quando recebeu a notícia da morte de Armando Cortez e guardou segredo das duas amigas que a acompanhavam na altura. “Não podia falar do assunto porque elas podiam ter medo do que eu podia fazer a conduzir”, justificou. Ao chegar à Casa do Artista, que hoje dirige, “estavam todos” à sua espera.

A viuvez, afirmou, “é um estado e um sentimento que não se combate”, ao contrário da velhice. “Só envelhecemos por dentro se quisermos e se deixarmos. Continuou com o mesmo entusiasmo”.

Numa viagem à infância, Manuela Maria recordou o momento em que perdeu o pai, “a trave mestra da casa”, quando tinha apenas dez anos. “Aos dez anos já se percebe muito bem a morte”, disse, acrescentando que habituou-se desde essa altura a “chorar sozinha”.