MAR descobriu que tinha jeito para cantar no 5º ano de escolaridade, graças ao professor de Música. Para conquistar o seu lugar na área começou a compor as próprias canções. Com dupla nacionalidade, portuguesa e espanhola, decidiu escrever em inglês para que a sua música chegasse ao maior números de pessoas possível.
No ano passado deu o seu primeiro concerto e logo no festival Sudoeste. Hoje já soma cinco singles. O último, Alright, foi lançado há um mês e meio e nasceu de uma colaboração com o grupo de hip hop MGDRV.
Ao Delas.pt fala das dificuldades de afirmação que tem sentido neste início de carreira e dos objetivos que quer cumprir ainda este ano (percorra a galeria de imagens no topo do texto para ver as fotografias que MAR tirou para o Delas.pt).
MAR, ao contrário do que se pode pensar inicialmente, este não é apenas o seu nome artístico. É o nome que tem no bilhete de identidade.
Vou admitir que ao início estava maluca a pensar em nomes artísticos que funcionassem melhor para mim. Em conversa com amigos e com a minha mãe eles diziam todos: “Não mudes. O teu nome é Mar, já é especial só assim. Vais mudar porquê? Normalmente as pessoas mudam porque querem algo diferente.” Acabei por lhes dar razão, fiquei com o meu nome e a minha mãe ficou muito feliz com essa opção.
Mas o facto de ser o nome de uma coisa tão genérica, MAR, dificulta a tarefa a quem a procura nas redes sociais.
Sim, sem dúvida. Tudo o que tem a ver com a pesquisa do meu nome na Internet é super difícil, por isso é que foi uma decisão difícil. As pessoas pesquisam MAR e aparecem 300 imagens de ondas. Agora tento brincar um pouco com isso, juntar essa estética do mar, ondas, água e ligá-la a mim.
Apesar de ter nascido em Portugal, tem nacionalidade espanhola e canta em inglês. De onde vem toda esta mistura?
Para mim foi algo natural. Sempre gostei de cantar e escrever em inglês, comecei muito cedo porque queria mesmo atingir um determinado nível em que nem se notasse que não é a minha língua materna. Agora, cada vez mais, tenho juntado o espanhol às minhas músicas. Quem sabe se não começo a juntar o português também. Ando numa de: se sei falar este idioma, porque não utilizá-lo? Não gosto de limitações.
A internacionalização é um dos seus objetivos?
Sem dúvida, um dos principais, por isso é que canto em inglês, para que a minha música possa chegar ao maior número de pessoas possível.
No mercado nacional é mais fácil ter sucesso a cantar em português?
É mais fácil ter sucesso, dentro do país, cantando em português, mas temos grandes exemplos que demonstram o contrário. É importante termos isto em mente e não deixarmos de fazer aquilo que sentimos que somos nós próprios. É por isso que continuo só a fazer aquilo de que gosto, mesmo que com isso seja um bocadinho mais difícil de vingar. Alguém tem de furar para que todos os outros tenham espaço para criarem da forma que querem e não se sentirem frustrados por estarem a fazer algo diferente.
Como começou a sua aventura na música?
Na verdade sempre fui muito musical, mas não sabia. Quando andava no 5º ano, o meu professor de Música, o professor Zé, disse-me: “Olha, devias cantar esta música no final do ano. Cantas muito bem.” Estava muito envergonhada, não sabia que sabia cantar, mas ele fez-me pensar duas vezes nesse talento e comecei a gravar covers para a Internet. Aos 12 anos disseram-me que, se quisesse fazer disto a minha vida, devia começar a escrever as minhas próprias músicas, criar algo original, porque só assim é que ia conseguir. A partir daí comecei a escrever.
Então é a MAR que escreve e compõe as suas próprias músicas?
Sim, componho as minhas músicas. De ouvido consigo tocar piano e flauta transversal, que aprendi quando era mais nova, mas só de ouvido. Quando chegava à parte mais técnica e de solfejo não corria bem.
O seu concerto de estreia foi o ano passado e logo no Sudoeste. Uma estreia em grande.
Foi incrível. Houve uma mistura de nervosismo com ansiedade e vontade. Queria mostrar todo o trabalho que tinha andado a preparar ao longo daqueles meses. Tive ensaios de dança com um coreógrafo e uma bailarina. Éramos três em palco e depois tínhamos a Von Di como DJ. Basicamente tentámos fazer um concerto simples, porque o objetivo era as pessoas conhecerem as novas músicas, mas com algo de entretenimento visual, por isso é que quisermos pôr dança à mistura, para aumentar a energia do pessoal.
Na publicação que fez no Instagram depois do concerto disse que já tinha muitas pessoas no público a cantar as suas músicas, apesar de ser o primeiro.
Isso foi o que mais me impressionou. Estava à espera de pessoas que não me conheciam e que não iam estar dispostas a conhecer. Normalmente as pessoas são muito relutantes no que toca a conhecer nova música e novos artistas, mas nesse dia cantámos músicas que ainda nem tinham saído e todo o público estava a cantar comigo. Isso foi super gratificante para mim.
Neste último ano temos assistido ao aparecimento de várias jovens artistas no mercado musical português. A que se deve isto?
Devia haver mais. Mesmo com todos estes nomes, os homens continuam a predominar na indústria. Deve-se a muitas razões, mas sinto que as mulheres se sentem mais encorajadas para fazerem coisas a solo e mostrarem talento.
Quais são as maiores dificuldades que vocês, enquanto jovens, sentem no mercado nacional?
Não levam muito a sério a parte artística e musical. Algumas pessoas não percebem que somos jovens mas já éramos artistas e tínhamos toda uma preparação antes de sermos conhecidas. Todas nós trabalhámos e fizemos algo antes de os outros saberem o nosso nome. Isso também conta. Quando somos raparigas focam-se muito na imagem e perdemos credibilidade. Um homem, quando começa, não é visto da mesma maneira. Os olhos estão no trabalho e na música. Isso é o mais complicado de gerir.
A imagem é importante para si?
É importante, sem dúvida, mas se fosse médica ia ter a mesma importância apesar de aí não ter tanto espaço. Faz parte de mim, gosto de ter a minha imagem cuidada à minha maneira. É mais uma forma de ser criativa.
Qual é a importância das redes sociais, principalmente do Instagram, para os jovens que estão agora a lançar-se na música?
Atrevo-me a dizer que o Instagram é a plataforma mais importante de promoção musical hoje em dia para jovens artistas, pura e simplesmente porque é onde todos “vivem” agora, onde os jovens estão. É ridículo, mas é lá que estamos o dia todo. Tento não passar. Quando chego àquele ponto em que já não estou a ver nada atiro o telemóvel para a outra ponta do sofá.
No Instagram comunica principalmente em inglês com os seus seguidores. Porquê?
Tomei essa opção porque sempre fui assim. O meu Instagram já existia antes de começar a fazer música e nessa altura tinha este registo e falava muito em inglês. Tenho muitas pessoas de fora que me seguem e quero que eles entendam melhor aquilo que comunico. Às vezes faço posts em português quando são coisas mais direcionadas, como entrevistas a órgãos de comunicação social nacionais.
As suas músicas são uma mistura de R&B e música eletrónica. Há poucas artistas de R&B em Portugal. Sentiu que havia aí um espaço por explorar?
Quando comecei a ponderar sobre fazer música mais a sério olhei para o mercado e tomei algumas notas. Vi que isto era uma lacuna. Temos de começar a fazer mais coisas. Quando somos poucos as pessoas pensam que temos a vantagem de ter menos competição, mas com menos competição também não há motivação. Há espaço para todos. Isso do espaço é só uma ideia que nos é incutida para termos medo de fazer coisas.
Como se define enquanto artista?
Sou como as ondas, a água define-me como artista. Para mim os géneros musicais e a criação artística são como as ondas, vão e vêm. Gosto de viajar, experimentar e saber qual é a minha zona de conforto para poder ultrapassá-la e melhorar. Sou consistente porque trabalho muito. O estúdio é o meu santuário, passo lá o tempo a inventar.
Quanto tempo do seu dia dedica à música?
Todo o dia. Não estou a estudar, trabalho na música a 100%. Trabalho para o meu projeto e para outros artistas, o que dá azo a outro tipo de criatividade e me faz crescer como artista.
Quais são as suas referências a nível nacional e internacional?
A nível nacional é difícil para mim porque não consumi música durante muito tempo, agora é que estou a começar a consumir. Diria que a Von Di é a pessoa que mais me inspira a nível nacional, não só porque cria comigo mas também porque a musicalidade dela é muito diferente e incentiva-me a fazer algo melhor. A nível internacional são os clássicos, a Ciara e a Britney Spears, a influência mais pop que tenho. Tudo muito old school, passo muito tempo a ouvir músicas de anos em que não era nascida.
Tem também algumas camisolas que vende como merchandising. O logo foi criado por si?
O logo foi concebido pela Von Di. Estávamos a falar com o Ângelo, um amigo nosso que é ilustrador, e tivemos a ideia de fazer um logótipo relacionado com a imagem de mar e água, que é tudo o que está ligado com a minha marca. Ela chegou ao pé de um carro, que estava sujo, e desenhou o logótipo. Tirámos uma foto e começámos a fazer.
Onde é possível comprar as peças?
Tenho uma loja online, da Tictail, mas só ativo quando tenho mesmo peças exclusivas para lançar. Neste momento não está ativa porque já se venderam todas. Quando fizer a nova coleção volto a ativar.
Quais são os principais objetivos para 2019?
Normalmente escrevo sempre numa folha os objetivos que quero para cada ano. No ano passado só consegui atingir dois de muitos. Para este ano o objetivo principal é fazer a minha música chegar a mais pessoas.
Como é o público da MAR?
Surpreendentemente o meu público está entre os 18 e os 40 e tal anos. É muito mais velho do que estava à espera e gosto disso. Com este último single, o Alright, que é mais feliz, tenho notado que conquistei alguns adolescentes. Gostam muito desse som, não sei se será por ter uma melodia fofa.
Onde se vê daqui a 10 anos?
Se sonhar muito, como costumo sonhar, vejo-me no estúdio, a trabalhar, numa tour mundial ou numa boa casa a descansar. Espero continuar a fazer aquilo de que mais gosto.
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