Marcelo define-se como feminista

marcelo rebelo de sousa
Fotografia de Gustavo Bom / Global Imagens

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu na segunda-feira que deve haver paridade na diplomacia, referindo que a desigualdade persiste nos escalões superiores, e neste contexto definiu-se como feminista.

Numa conferência internacional sobre mulheres na diplomacia, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa, o chefe de Estado declarou-se “sensível à causa que une as senhoras embaixadoras que organizaram este encontro: a causa da igualdade de género”.


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“Se é verdade que hoje ninguém questiona a participação das mulheres na diplomacia, não o é menos que a proporção de mulheres nos serviços diplomáticos de todo o mundo, particularmente em posições de relevo, está ainda longe de desejável paridade”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa repetiu a expressão “desejável paridade” e questionou se dizer isso “será querer dizer que o Presidente da República é feminista”, acrescentando: “Não há como fugir ao qualificativo, mesmo sem nunca o ter assumido, ou assumir de moto próprio”.

Nesta intervenção, o Presidente da República voltou a elogiar o desempenho da diplomacia portuguesa no apoio à candidatura de António Guterres a secretário-geral das Nações Unidas, considerando que “para as futuras e os futuros diplomatas é uma lição”.

“Nós temos uma grande diplomacia em Portugal, nós temos grandes diplomatas em Portugal. Eu quero elogiar os nossos diplomatas, que foram excecionais. Estiveram ao nível do que há de melhor em termos de diplomacia no mundo, com escassos recursos, num número exíguo”, disse.

Sobre a participação das mulheres na diplomacia, o Presidente da República fez um balanço positivo da situação nacional, defendendo que “Portugal tem estado na linha da frente no que toca à defesa dos direitos das mulheres em todas as instituições internacionais”.

No seu entender, o Ministério dos Negócios Estrangeiros tem “uma longa tradição de defesa dos princípios da igualdade de género e de não discriminação, que têm vindo a ser defendidos quer nas relações bilaterais, quer nas organizações internacionais”.

“Na perspetiva da igualdade de género, atingimos hoje em Portugal um razoável equilíbrio entre homens e mulheres na carreira diplomática”, considerou.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que isso “não chegará”, segundo algumas das presentes, e concordou. “Certamente que não, em especial nos escalões superiores da carreira diplomática, fruto de só há menos de 40 anos se ter dado um passo essencial, revolucionando séculos de prática da nossa diplomacia”, disse.

O Presidente da República mencionou que esteve “na origem desta conferência” quando recebeu no Palácio de Belém um grupo de embaixadoras, poucos dias depois de tomar posse.

“O critério foi esse: começar pelas senhoras embaixadoras. E não foi um critério ocasional”, frisou.

Marcelo Rebelo de Sousa salientou que jurou sobre uma Constituição que “tem no princípio da igualdade um dos seus pilares fundamentais” e que “assume como uma das principais tarefas do Estado a promoção da igualdade entre homens e mulheres” e estabelece “o princípio da não discriminação baseada no sexo no acesso a cargos políticos”.

“Os direitos das mulheres são assuntos de direitos humanos, e estas são matérias que dizem respeito a Portugal e dizem respeito ao Presidente da República Portuguesa”, afirmou.