Marcelo recebeu seleção feminina de futebol após apuramento histórico

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[Fotografia: Rui Ochoa/Presidência da República]

A seleção portuguesa feminina de futebol foi recebida esta tarde de sexta-feira, 24 de fevereiro, em festa por cerca de uma centena de pessoas no aeroporto de Lisboa. Uma receção que aconteceu depois da qualificação inédita da equipa para um Mundial, que representa o trabalho “de muitos anos e gerações”. A comitiva seguiu depois para Belém, onde foram recebidas por Marcelo Rebelo de Sousa, que falou em “passo prestigiantíssimo para Portugal”. “É uma grande alegria”, referiu.

O Chefe de Estado destacou o facto de se tratar de “um passo inédito, passo histórico, não apenas no futebol feminino, no papel da mulher na sociedade portuguesa. Esse é o ponto fundamental”. Afinal, como recordou Marcelo, quando ele era jovem, a mulher “falar em futebol feminino era, naquela altura, falar em ficção”. “Eu sou do tempo em que a mulher não podia ser diplomata, não podia ser polícia, não podia ser militar, não podia ser juiz. Em que a discriminação não era só como ainda hoje, infelizmente, muitas vezes existe – no salário, nas condições de vida – e temos vindo a superar e a melhorar”, referiu.

“Foram lágrimas de muitos anos e gerações”

A comitiva portuguesa saiu do aeroporto Humberto Delgado pelas 12:30, perante uma pequena multidão à sua espera para congratular pelo feito histórico, mas o tempo era escasso e a pressa era muita, rumo ao Palácio de Belém, onde, pelas 13:00 horas, foram recebidas pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

“Uma emoção muito grande, foram lágrimas de muitos anos e gerações. Representa muito para o futebol feminino português. Sabíamos a responsabilidade que tinha este jogo. Alcançar este feito, fazer história e representar Portugal é incrível. Participar pela primeira vez num Campeonato do Mundo é indescritível”, frisou a capitã Dolores Silva.

Sem o selecionador Francisco Neto, que ficou mais uns dias na Nova Zelândia, a equipa das ‘quinas’ deu autógrafos e tirou fotografias com as pessoas presentes naquela zona do aeroporto, enquanto a jogadora do Sporting de Braga expressava o sentimento vivido dentro do grupo.

“É indescritível, uma sensação fantástica poder partilhar isto com o grupo de trabalho, com todo o esforço que viemos a fazer. Foi uma caminhada longa, chegámos até aqui e conseguimos o nosso objetivo. É o momento mais alto das nossas carreiras. Agora, é desfrutar e preparar o que aí vem”, sublinhou a centrocampista.

A futebolista, de 31 anos, assumiu ser “um orgulho muito grande” ser capitã de um grupo de trabalho “fantástico” e realçou que, sendo as primeiras a conseguir o apuramento para um Mundial, estão “a abrir portas para as futuras gerações”.

“Oxalá haja cada vez mais meninas a querer jogar e que o futuro seja risonho. Portugal tem muito talento”, frisou.

Também Carole Costa, autora da grande penalidade que deu o triunfo a Portugal, já no período de compensação da partida com os Camarões (2-1), falou aos jornalistas e lembrou o trabalho “de clubes, federação e de jogadoras” para que tenha sido dado este passo.

“É uma enorme alegria, têm sido dias de grande loucura. Estamos muito contentes por estar no Mundial, é um objetivo de todas e estamos a festejar desde que aconteceu”, salientou a experiente defesa central, de 32 anos, que representa o campeão Benfica.

A ficha só “está a cair agora”, mas Carole Costa realçou que a grande penalidade que apontou “não é um momento fácil, é de grande responsabilidade”, permitindo às lusas disputar uma prova com um grupo “difícil”: Estados Unidos, Países Baixos e Vietname.

“É um grupo difícil, mas já demonstrámos que, nos momentos difíceis, conseguimos agregar-nos e passar por grandes batalhas. É isso que vamos fazer”, assegurou a atleta.

Por seu lado, a diretora da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) Mónica Jorge disse que a história feita na Nova Zelândia, na quarta-feira, “representa uma modalidade em crescimento, que a federação aposta há algum tempo, e com resultados positivos a todos os níveis”.

“Foi mais uma página que se escreveu, muito bonita e consistente, pois é um processo de vários anos. Houve muitas jogadoras que começaram connosco aos 15 anos, para um dia chegarem aqui, a uma final destas – porque para nós foi uma final -, e poderem marcar o sonho”, explicou a dirigente federativa, que já foi selecionadora portuguesa.

Sobre os objetivos para o primeiro Mundial da história, Mónica Jorge apontou a que a seleção faça o seu melhor, continuando a “fazer mais e a querer mais”.

“A participação no Mundial vai fazer crescer toda a gente, as jogadoras, os clubes onde estão inseridas e uma Liga [portuguesa] que pretendemos que seja cada vez mais forte e competitiva”, avançou a diretora da FPF.

A seleção portuguesa feminina de futebol qualificou-se quarta-feira para o Mundial de 2023, ao vencer os Camarões por 2-1, na final do Grupo A do Play-off Intercontinental, em Hamilton, na Nova Zelândia, graças à grande penalidade cobrada por Carole Costa.

O golo da defesa central, apontado aos 90+4 minutos, selou a inédita qualificação lusa, após a camaronesa Ajara Nchout ter anulado, aos 89, o tento de Diana Gomes, aos 22.

As comandadas de Francisco Neto juntam-se, no Grupo E, aos vice-campeões em título Países Baixos (23 de julho), ao Vietname (27) e aos Estados Unidos, atuais detentores do troféu (01 de agosto), de 20 de julho a 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.

CB com LUSA