Maria Alberta Meneres, a escritora que se dedicou de forma “constante” aos mais jovens

O velório da escritora Maria Alberta Menéres, que morreu na segunda-feira aos 88 anos, decorre na Basílica da Estrela, em Lisboa, a partir das 18h desta terça-feira, segundo avançou à Lusa a filha Eugénia de Mello e Castro.

A missa de corpo presente vai ter lugar no mesmo local, na quarta-feira, às 13h, seguindo depois para o Cemitério das Olaias, onde será cremada.

Ainda na segunda-feira, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, lamentou a morte da escritora, sublinhando a sua dedicação “constante” aos públicos mais jovens ao longo da carreira.

Graça Fonseca destacou o livro “Água de Memória”, vencedor do Prémio do Concurso Internacional de Poesia Giacomo Leopardi, e a coorganização, em conjunto com o marido E. M. de Melo e Castro, da “Antologia da Novíssima Poesia Portuguesa”, uma “obra ímpar pelo rigor da seleção, pelo detalhe e completude da informação e pelo impacto que teve na poesia portuguesa contemporânea”.

“O talento e a singularidade de Maria Alberta Menéres devem também ser recordados pela sua obra infantojuvenil. Foi através do seu ‘Ulisses’ (1970) que muitas crianças e jovens tiveram o primeiro contacto com o grande clássico homérico”, salienta ainda a ministra na nota, recordando que a sua obra nesta área foi reconhecida, no seu conjunto, com o Grande Prémio Calouste Gulbenkian de Literatura para Crianças e Jovens.

“A sua dedicação aos públicos mais jovens foi uma constante não só do seu percurso literário, mas também da sua carreira profissional”, assinala ainda Graça Fonseca.

Maria Alberta Menéres foi autora de mais de 100 livros infanto-juvenis (veja alguns na galeria, acima), encontrando-se entre as suas principais obras infanto-juvenis a referida obra. Editada pela primeira vez em 1970, conta já 45 edições, da qual foram vendidos mais de um milhão de exemplares.

Maria Alberta Menéres foi também autora, com Natércia Rocha e Carlos Correia, da coleção “1001 Detectives”, da qual se editaram 16 títulos, entre 1987 e 1993.

Criadora do conceito “Pirilampo Mágico”, a convite de José Manuel Nunes, da RDP/Antena 1, foi autora durante seis anos das letras das canções dessa campanha solidária, que dura até hoje.

Na área da comunicação social, de 1974 a 1986 foi diretora do Departamento de Programas Infantis e Juvenis da Radiotelevisão Portuguesa, tendo sido autora e produtora de muitos programas televisivos para crianças e jovens, uma vez que, nessa época, como afirmou numa entrevista, “quem comandava também criava”.

Colaborou com vários jornais e revistas, designadamente Diário de Notícias, Távola Redonda, Cadernos do Meio Dia e o Diário Popular, no qual coordenou a secção de iniciação à literatura, e, de 1990 a 1993, foi diretora da revista Pais & Filhos.

Em 1986 recebeu o Grande Prémio Gulbenkian de Literatura para Crianças, “pelo conjunto da sua obra literária e manutenção de um alto nível de qualidade”.

A autora fez traduções e adaptações, escreveu dezenas de peças de teatro, e publicou 15 livros de poesia, que será em breve “totalmente reeditada e organizada pela Porto Editora, com o título ‘Poesia Completa'”, disse fonte da família à agência Lusa.

Maria Alberta Rovisco Garcia Menéres nasceu em Vila Nova de Gaia, em 25 de agosto de 1930, licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e foi professora do Ensino Técnico, Preparatório e Secundário, nas disciplinas de Língua Portuguesa e História, de 1965 a 1973.

Em 2010, foi agraciada com a Ordem de Mérito Civil no grau de comendador.

Delas/Lusa

 

Dia do Livro Infantil: O melhor amigo de qualquer criança