Maria Leitão Marques: “Não basta haver quotas, é preciso que haja mulheres com vontade de participar”

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Fotografia: Sara Matos/Global Imagens

A ministra da Modernização Administrativa defende que é preciso que haja mulheres que queiram ocupar os lugares definidos pelas quotas e que é preciso usar as novas tecnologias na conciliação entre a vida familiar e profissional.

Maria Leitão Marques participava na abertura da quarta conferência da União para o Mediterrâneo (UpM), em Lisboa, subordinada ao tema das “Mulheres constroem sociedades inclusivas”, onde aproveitou para destacar o trabalho feito por Portugal em matéria de igualdade de género.

A governante destacou que já neste ano foi aprovada na generalidade no parlamento a revisão da lei da paridade, com o objetivo de aumentar a participação das mulheres nos órgãos de poder político, admitindo que só estas leis não bastam e dizendo estar consciente de que as esferas pública e privada são indissociáveis.

“Estas leis que permitem ou forçam maior paridade nos cargos de direção não serão efetivas se não tomarmos outras medidas, provavelmente mais difíceis porque são muito de natureza cultural, que facilitam essa participação efetiva, que facilitam a possibilidade de participar”, disse Leitão Marques.

Apontou, por outro lado, que “não basta haver quotas que reservem lugares, é preciso que haja mulheres com vontade de participar” e lembrou que continua a trabalhar “intensamente, com todo o apoio do primeiro-ministro”, num programa de ação para a conciliação da vida familiar e profissional, que irá incluir medidas que “visam melhorar o bem-estar de indivíduos e famílias, no uso do tempo, na distribuição do tempo, também a produtividade e satisfação laboral e a sustentabilidade demográfica”.

A ministra defendeu que é preciso usar a criatividade e olhar para as novas tecnologias como ferramentas na conquista de mais igualdade, mais tempo de lazer, mais tempo em família e mais e melhor conciliação entre a vida pessoal e a carreira profissional, apontando que a “economia de cuidado ainda penaliza muito mais as mulheres do que os homens”.

“Estas políticas de equilíbrio contribuirão para uma sociedade mais justa e igual, que permita escolhas mais livres nas diferentes esferas de vida”.

Maria Leitão Marques adiantou que o atual Governo tem como objetivo a erradicação de todas as formas de violência contra mulheres e raparigas, apontando o novo plano de ação para a prevenção e combate contra a violência contra mulheres e a violência doméstica, que inclui, entre outras, medidas especificas de combate à mutilação genital feminina.

O secretário-geral da UpM, Nasser Kamel, também elogiou Portugal, sublinhando que o país “está na linha da frente da igualdade de género”.

Defendeu, por outro lado, que a desigualdade nunca foi denunciada de uma forma tão veemente, dando como exemplo movimentos como o ‘Metoo’, e que a igualdade dos sexos já não é apenas uma parte dos direitos humanos, mas “é parte do progresso para homens e mulheres”.

A conferência decorre entre hoje e quinta-feira, na Fundação Champalimaud, em Lisboa.

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