A atriz Maria Vieira, mandatária presidencial de André Ventura para as comunidades portuguesas emigrantes, desvalorizou esta sexta-feira, 15 de janeiro, os insultos aos adversários políticos do concorrente a chefe de Estado e atribuiu-os a um “momento mais efusivo” de boa disposição.
Em entrevista à agência Lusa, a comediante assegurou que o líder do partido da extrema-direita parlamentar respeita as mulheres, antes de um jantar/comício, num hotel de Viseu onde são esperadas 60 pessoas. “Eu conheço muito bem o André e se há algo que ele não é é misógino. Pode ter a certeza absoluta. Não fiquei nada chocada porque sei muito bem que ele é uma pessoa muito respeitadora e tem um carinho muito especial por todas nós”, garantiu.
O BE, cuja candidata a chefe de Estado é a eurodeputada e dirigente partidária Marisa Matias, divulgou hoje a iniciativa nas redes sociais “#VermelhoemBelém”.
Além de dirigentes, deputados e militantes bloquistas que publicaram vídeos ou fotografias com os lábios pintados de vermelho, entre outras figuras públicas e cidadãos anónimos, também a concorrente Ana Gomes, ex-eurodeputada do PS, gravou um vídeo, no carro, a pintar os lábios, em solidariedade.
“E o que os outros dizem? E o que a Ana Gomes… e, olhe por exemplo, a Marisa Matias, que lhe chamou [a Ventura] vigarista e eu sei lá…”, contra-argumentou Maria Vieira. Questionada sobre se a melhor resposta a um alegado insulto é um insulto ainda pior, a atriz defendeu que “o André não fez por mal”. “Pronto, estava bem-disposto, estava divertido. Sobretudo, se me está a perguntar como mulher, pode ter a certeza absoluta, porque eu o conheço. Levem as coisas também um pouco para a brincadeira. Ele não fez com intenção de os ofender e humilhar, ao contrário do que os outros candidatos fazem, que humilham”, continuou.
Maria Vieira, 63 anos, lamentou que os adversários estejam “sempre a dizer” que o Chega é “de extrema-direita”. “Somos de extrema-necessidade. Não deem tanta importância às palavras. Eu sou a favor da liberdade de expressão”, afirmou.
Segundo a antiga colaboradora do humorista Herman José, outro comediante, Ricardo Araújo Pereira, também “fez tudo e mais alguma coisa com o André”.
“Chamou-lhe carneiro, chamou-lhe sei lá o quê… Por que é que ele [Ventura] não há de ser uma pessoa divertida e bem disposta? A mim não me choca. É natural, estava mais bem-disposto, qual é o problema?”, insurgiu-se.
Pedido o esclarecimento sobre se estava a sugerir que o líder do Chega, na noite em questão, estava de alguma forma alterado por algum excesso, Maria Vieira foi perentória: “não, nem pensar nisso, ele até nem bebe muito (risos)”.
“Foi um discurso mais efusivo. Não vou por aí”, concluiu.
No comício noturno de quarta-feira, em Portalegre, Ventura apelidou o líder comunista Jerónimo de Sousa de “avô bêbado” e o atual chefe de Estado e recandidato, Marcelo Rebelo de Sousa, de “fantasma” e “esqueleto”
O concorrente comunista João Ferreira foi definido como “operário beto de Cascais” e a bloquista Marisa Matias avaliada como tendo “uma performance muito a baixo” e “com os lábios muito vermelhos”, enquanto Ana Gomes foi etiquetada como “contrabandista” de vacinas.
As eleições presidenciais realizam-se em plena epidemia de covid-19 em Portugal em 24 de janeiro, a 10.ª vez que os cidadãos portugueses escolhem o chefe de Estado em democracia, desde 1976. A campanha eleitoral começou no dia 10 e termina em 22 de janeiro.
Há sete candidatos: o incumbente Marcelo Rebelo de Sousa (apoiado oficialmente por PSD e CDS-PP), a diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes (PAN e Livre), o deputado único do Chega, André Ventura, o eurodeputado e dirigente comunista, João Ferreira (PCP e “Os Verdes”), a eurodeputada e dirigente do BE, Marisa Matias, o fundador da Iniciativa Liberal Tiago Mayan e o calceteiro e ex-autarca socialista Vitorino Silva (“Tino de Rans”, presidente do RIR – Reagir, Incluir, Reciclar).