Marina Lobo: “O ideal é fazer chegar ‘Aquametragem’ o mais longe possível”

abrir Marina Lobo
Marina Lobo, engenheira ambiental e autora da curta de animação 'Aqua Metragem'' [Fotografia: DR]

Tem 38 anos, formou-se em engenharia ambiental, mas a animação roubar-lhe-ia o coração por 15 anos. Volvido este tempo, Marina Lobo voltou a dar espaço ao seu percurso académico e as ideias, os desenhos e os computadores passaram a refletir o que aprendeu nos bancos da faculdade e em alguns trabalhos que teve depois de concluído o curso superior.

A soma daquelas duas partes acaba, nada mais, nada menos, de valer a Marina Lobo um reconhecimento por parte das Nações Unidas, na categoria ‘Proteger o Planeta’, em Nova Iorque, após ter feito uma curta sobre a poupança e a reutilização da água, intitulada AquaMetragem.

O prémio foi entregue na semana passada, no âmbito do Festival de Filmes para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentáveis, da ONU e, uma semana depois, esta a engenheira e empresária – com uma companhia dedicada à animaçãorevela ao Delas.pt como tudo se deu, o que vai acontecer agora com a curta metragem e o que reserva o futuro.

Aquastory [Fotografia: DR]
“O processo de criação foi um bocadinho inspirado nos meus filhos”, referiu Marina logo após ao anúncio da vitória. “Olhar para eles e sentir que quero muito que eles tenham acesso à água como eu tenho, que para nós é algo quase garantido, mas corremos o risco que deixe de ser. Pensei que poderia tentar contar uma história que passasse por aí, por sensibilizar as pessoas e os filhos delas”, explicou. E assim nasceu Hidro, uma gota de água que ganha formas humanas: física e não só.

Como surge esta curta-metragem sobre a poupança e a reutilização da água?

Esta não foi a minha primeira experiência na áera do ambiente. Sou licenciada em engenharia ambiental e depois fui estudar animação, área na qual trabalho há cerca de 15 anos. Só agora é que comecei a fazer a tal combinação do conhecimento nestes dois segmentos e AquaMetragem foi um trabalho maior.

O que fez como engenheira ambiental?

Trabalhei na engenharia a fazer análises de água residuais. É verdade que trabalhei mais tempo em animação do que engenharia, mas o gosto pela parte ambiental sempre esteve cá. Isso permite-me hoje ter algum conhecimento para passar a informação e a comunicar sobre ambiente.

Como surgiu esta ideia?

A ideia inicial desta curta sobre água partiu da Lisboa E-Nova, a Agência Municipal de Energia e Ambiente de Lisboa. Acharam que seria uma boa forma de comunicar através de um filme e depois entraram em contacto. O objetivo era apelar para a poupança de água.

Como chegou à ideia final?

Tentei ir pela ideia dos 5 Rs: Reduzir consumos, Reutilizar água, Reduzir desperdício e recorrer a fontes alternativas e reciclar água. Tentei encontrar uma história que reunisse estas questões e surgiu agora o filme.

E agora, o que vai fazer com o prémio?

Ir a Nova Iorque e estar ali com os outros participantes foi uma experiência enriquecedora para mim, foi inédito estar ali no centro do mundo. Quanto à curta, ela está online, pode ser partilhada por toda a gente e o ideal é fazer chegar Aquametragem o mais longe possível. Ao mesmo, estamos a enviá-la para outros festivais. Espero que este prémio ajude a passar a mensagem e que possa servir para que as entidades ligadas ao ambiente possam começar a querer recorrer à animação para passar outras mensagens no sentido da educação e sensibilização ambiental.

Vai continuar a trabalhar nesta área?

Terei todo o gosto em aplicar o prémio no cruzamento destas áreas: a da animação e a da sensibilização ambiental. Por enquanto, ainda não aconteceu nada, mas espero que este prémio traga outros projetos nesta área.

Qual o seu percurso na animação?

Trabalhei numa empresa em que estivemos a desenvolver uma série de animação infantil intitulada Gombi, que passou na RTP2 e no Panda. Trabalhei também na série Mourinho e os Special One [n.r.: um trabalho português que procurou financiamento no bolsa de Londres] e que passou na SIC K, em 2013. Quando acabei esses projetos comecei a trabalhar por conta própria. No ano passado, fundei a minha empresa de animação, A Toca, e faço animação em várias áreas, mas tento focar-me, sempre que possível, na área ambiental. E já temos bastantes trabalhos que podem ser vistos na nossa página, no Vimeo.

Imagens de destaque: DR

Cristina, Sara Sampaio, Maria Miguel e as 25 mulheres nomeadas aos Globos