A portuguesa transgénero Marina Machete chegou ao elenco das 20 finalistas do concurso Miss Universo e que teve lugar no sábado, 18 de novembro, e El Salvador.
O certame foi vencido pela concorrente da Nicarágua, Sheynnis Palacios, que pugna pela saúde mental, mas Portugal tem motivos para celebrar. “Estamos de coração cheio por este feito memorável. Marina Machete continuará a fazer história por Portugal”, lê-se na página de Instagram da Miss Portugal.
Recorde-se que Marina Machete é a primeira concorrente transgénero portuguesa, um passo dianteiro que suscitou polémica em Portugal. “Honestamente, pensava que, no nosso país, as mentalidades já estavam um bocadinho mais ajustadas à realidade a nível mundial”, afirmou a 23 de outubro, em entrevista ao Jornal de Notícias.
Esperava, então, que o seu caso “levasse as pessoas a pensarem e a conversarem, aos poucos, para desmistificar um bocadinho o que é nascer com disforia de género”.
Na quinta-feira, Marina Machete, de 28 anos, desfilou o traje nacional com um vestido e capa inspirados na República Portuguesa, uma homenagem ao 5 de Outubro, dia em que a concorrente portuguesa venceu a edição nacional do concurso de beleza.
Na quarta-feira anterior tinha pisado o palco em vestido de noite e fato de banho.
Esta edição da Miss Universo foi considerada a mais inclusiva e diversa de sempre com candidatas transgénero (Portugal e Países Baixos), mulheres casadas e com filhos (Guatemala e Colômbia), uma manequim plus size (Nepal) e um a candidata com 30 anos (Bulgária), fruto das alterações das regras.
Marina Machete percebeu, logo aos quatro anos de idade, que “já era diferente”. Revela agora que foi uma vizinha que contou à mãe da agora concorrente a sua diferença e que lhe explicou que se sentia mulher. As pesquisas sobre quem realmente era começaram aos dez anos e pediu ajuda: “a psicóloga da escola ajudou-me bastante”. “Ela também era uma pessoa da comunidade e percebeu o bullying que eu passava”, relata.
Quanto à vencedora da 72ª edição, a coroa Miss Universo foi entregue a Sheynnis Palacios, concorrente da Nicarágua.
A vencedora tem 23 anos, é produtora audiovisual de Manágua, Nicarágua, e tem sido uma ativista pela saúde mental, uma escolha que deriva das suas experiências com a ansiedade e que consolida, no seu país natal, nas entrevistas que faz com especialistas sobre o tema.
Nos tempos livres, resgata cães e gatos e diz adorar um bom desafio mental e puzzles. O objetivo de vida é trabalhar ao serviço da humanidade, gerindo conteúdos editoriais e de produção e fazer comerciais para marcas internacionais.