
Marina Machete é a primeira candidata portuguesa transgénero ao concurso Miss Universo, que vai decorrer a 18 de novembro, em El Salvador, na América Central. Não estará sozinha.
Com ela, também a candidata holandesa, Rikkie Kollé, segue o mesmo caminho. “Vai ser uma experiência única. Não vamos ter de viver isto sozinhas, como a Angela [primeira mulher transgénero a competir no Miss Universo] viveu em 2018, vamos ter o apoio uma da outra”, afirmou Marina Machete, 24 anos, hospedeira de bordo em entrevista ao Jornal de Notícias (que pode ler ao detalhe aqui).
Em conversa revela que não espera uma repressão tão grande da sociedade portuguesa após a coroação, a 5 de outubro, que se dividiu ante o facto de ser transgénero. “Honestamente, pensava que, no nosso país, as mentalidades já estavam um bocadinho mais ajustadas à realidade a nível mundial”, afirma.
Agpra, espera que o seu caso “leve as pessoas a pensarem e a conversarem, aos poucos, para desmistifcar um bocadinho o que é nascer com disforia de género”.
A concorrente revela que não disse inicialmente que era trans. “Não houve um momento em que eu contei. Havia uma ficha técnica que eu tive de preencher, qual era a minha ação social, o que eu defendia e qual a minha história de vida. Foi nesse momento que eu transmiti à organização que eu era a Marina, mas também era uma mulher trans[género]”, revela na mesma entrevista. “Portanto, eu fui nomeada finalista para o Miss Universo Portugal sem contar”, acrescenta.
Marina Machete percebeu, logo aos quatro anos de idade, que “já era diferente”. Revela agora que foi uma vizinha que contou à mãe da agora concorrente a sua diferença e que lhe explicou que se sentia mulher. As pesquisas sobre quem realmente era começaram aos dez anos e pediu ajuda: “a psicóloga da escola ajudou-me bastante”. “Ela também era uma pessoa da comunidade e percebeu o bullying que eu passava”, relata.