Tudo indicava que o uso das máscaras em espaços fechados caísse por estes dias. Apesar de a incidência a sete dias de 602 casos de covid-19 por 100 mil habitantes estar em tendência decrescente, a diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, pediu, esta segunda-feira, 11 de abril, “mais um pequeno esforço” para evitar o contágio.
Em declarações à Renascença, a responsável máxima de saúde pública deixou pedidos para o tempo da Páscoa, período muito marcado por encontros familiares e viagens.
“Boas medidas de saúde pública individual passam por ainda mantermos algumas restrições, usar máscara e alguma distância social”, pediu Graça Freitas no âmbito de “uma recomendação especial para a Páscoa”. E recordou: “Vamos conviver mais, com várias gerações da família e há a tradição portuguesa de voltar aldeias e a terras originais nesta altura do ano.”
No boletim semanal da DGS emitido na sexta-feira, 8 de abril, Portugal tinha registado, nessa semana, 61.988 casos de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, 145 mortes associadas à covid-19 e uma redução de doentes internados. Segundo o documento, o número de casos confirmados de infeção desceu 8.093 em relação à semana anterior, registando-se também uma redução de cinco mortes na comparação entre os dois períodos.
Quanto à ocupação hospitalar em Portugal continental por covid-19, a DGS passou a divulgar às sextas-feiras os dados dos internamentos referentes à segunda-feira anterior à publicação do relatório.
Com base nesse critério, o boletim indica que, na última segunda-feira, estavam internadas 1.110 pessoas, menos 70 do que no mesmo dia da semana anterior, das quais 60 doentes em unidades de cuidados intensivos, menos uma.
Ómicron mata mais que gripe e é “cem vezes superior” acima dos 80 anos
As infeções provocadas pela variante Ómicron do coronavírus SARS-Cov-2 não devem ser geridas como um surto de gripe, disse o chefe do grupo de especialistas que lidera a estratégia chinesa de contenção da covid-19, Liang Wannian.
Citado pela imprensa local, Liang disse esta segunda-feira, 11 de abril, que a taxa de mortalidade da variante Ómicron é “superior à da gripe” e que, em casos de pacientes com mais de 80 anos, é “cem vezes superior”.
“O vírus sofre constantemente mutações. Não sabemos se estas mutações vão ser mais prejudiciais, o que acarretaria grandes riscos para a saúde”, disse. Segundo o especialista, a política chinesa de tolerância zero à doença covid-19 “continua a ser a melhor opção” para o país.
Com o surgimento da variante Ómicron, a China voltou ao ponto de partida na sua “batalha” contra o novo coronavírus. O país continua a reagir a surtos de covid-19 com medidas implacáveis, incluindo o isolamento de cidades inteiras, apesar dos crescentes custos económicos e sociais.
De acordo com Liang, esta política rígida “alcança os melhores resultados com os menores custos”.
O especialista em doenças contagiosas Zhang Wenhong pediu maior proteção dos grupos vulneráveis, especialmente os idosos não vacinados, e garantiu também que a Ómicron não é simplesmente uma gripe forte.
Zhang alertou para a necessidade de “melhorar a preparação para futuros surtos, incluindo aumentar a taxa de vacinação entre os idosos, expandir o fornecimento de medicamentos e acelerar a construção de instalações para quarentena”.
O epidemiologista Zhong Nanshan, um dos mais reconhecidos especialistas chineses nesta área, declarou, na sexta-feira passada, que uma “abertura completa não se encaixa na situação na China”.
Vários países decidiram coexistir com o vírus, devido à baixa letalidade da Ómicron e aos seus sintomas mais leves, mas Zhang alertou para “inúmeras mortes” se as “medidas de prevenção contra o vírus fossem levantadas na China”.
“Devemos aderir à estratégia de ‘zero casos’ e relaxar gradualmente as políticas no futuro”, disse o especialista.
CB com Lusa