Mathilde Favier: “As pessoas mais interessantes para a Dior são as atrizes, artistas, pessoas feministas, com voz”

279_Mathilde Place Concorde
Mathilde Favier [Fotografia DR]

Onde estão as estrelas maiores da Dior está, geralmente, Mathilde Favier e a sua arte de fazer acontecer, sem falhas. A relações públicas da casa de luxo francesa e com funções especiais como diretora mundial de celebridades da Dior gere toda uma estrutura de embaixadoras e rostos da marca nos momentos decisivos como, por exemplo, as passadeiras vermelhas dos Óscares, os festivais de Veneza e Cannes, os desfiles e os grandes eventos de que foi exemplo a abertura dos Jogos Olímpicos de Paris. Mas não só.

Mathilde Favier, de 54 anos, tem também em mãos a busca dos mais novos talentos – de preferência ainda antes de serem detetados por outros – e tudo num mundo que está em constante mutação. “O que mudou é que hoje as atrizes e embaixadoras estão com a Dior sob contrato, e antes não estavam, pertencem, por isso, à família”, revela à Delas.pt aquando da apresentação do livro que lançou também em Portugal, Living Beautifully in Paris.

Mathilde Favier [Fotografia DR]1414

Mas, então, o que procura agora uma casa de luxo como a insígnia que integra o gigante da moda LVMH? Para Mathilde Favier, que trouxe nomes como Anya Taylor-Joy, Jisoo, da banda sul-coreana Blackpink, Elizabeth Debicki e Natalie Portman à maison, “neste momento, as pessoas mais interessantes para a Dior são as atrizes, artistas, pessoas feministas e com voz”. Não é por isso de estranhar que a área de busca se defina com novas linhas: “Estamos mesmo focados nas mulheres que têm força, valores e, claro, talento”, de todos os tipos: “desporto, representação, cinema, mulheres de discurso, arte”.

Para lá dos vínculos, a malha da escolha está mais apertada: “Tem de ser mais do que beleza, tem a ver com os valores que defendem, as mensagens de vida, a maneira como vivem”, detalha, lembrando que a diversidade tem cara vez mais “uma enorme importância no mundo da Dior” na hora de assinar contratos com as caras que representam a marca.

“A Dior já teve e tem tido cada vez menos” criadoras de conteúdos.
“É a vida como ela é”

No atual mundo da moda em que, crê Favier, “as influenciadoras não influenciam”, o tempo das criadoras de conteúdos começa a esgotar-se. “A Dior já teve e tem tido cada vez menos”. A razão? “Não é uma decisão. Acho que é a vida como ela é, porque tudo muda rapidamente e talvez porque estejamos atraídos por diferentes tipos de pessoas”, justifica a diretora de celebridades da Dior, ela própria com mais de 200 mil seguidores na sua página de Instagram, à margem da apresentação do livro que lançou, que decorreu no primeiro andar da loja da Dior, na Avenida da Liberdade, e que chegou a Portugal em outubro.

A obra Living Beautifully in Paris [Flammarion, 71.50€] traz o olhar exclusivo de Mathilde sobre a sua cidade. O livro tem uma componente fotográfica da autoria de Pascal Chevallier, conta com textos da jornalista Frédérique Dedet e pretende mostrar os recantos e detalhes da capital francesa que estão pouco alcançáveis aos olhares comuns. Um roteiro que quer celebrar a joie de vivre francesa, a exclusividade, a qualidade e o requinte de uma cidade visto pelo prisma dos circuitos da alta-costura e até do privilégio, que Fauvier não esconde, nem ignora.