Médica condenada por revelar ter feito aborto a menina violada de 10 anos

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[Fotografia: Pexels/Rdne Stock Project]

Foi um dos casos que veio a público três dias depois de o Supremo Tribunal dos Estados Unidos da América ter revogado, a 24 de junho de 2022, a lei federal que permitia o direito ao aborto, conhecida como Roe v. Wade.

A obstetra e ginecologista do estado do Indiana Caitlin Bernard recebia um pedido de ajuda de um colega do Ohio, que trabalha com vítimas de abuso infantil.

Tratava-se, então, de uma menina de apenas dez anos que engravidou na sequência de uma violação, e que estava impedida de fazer o procedimento no estado onde residia: Ohio.

 

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Recorde-se que este foi um dos primeiros estados norte-americanos a proibir a interrupção da gravidez após seis semanas de gestação, um limite difícil de cumprir uma vez que muitas mulheres desconhecem, ainda nesta fase, estarem grávidas.

Na ocasião, a médica ginecologista do Indiana fez o aborto à menina de dez anos violada e alertou os media para esta realidade e os perigos da reversão deste direito.

Agora, quase um ano depois, a 25 de maio, Caitlin Bernard foi condenada pelo Conselho de Médicos por ter traído o sigilo médico. Segundo explica a BBC, a obstetra violou a privacidade da paciente ao revelar a história e o tratamento em público.

Os advogados de defesa alegam que a especialista apenas o fez agindo como dever de informar sobre o impacto direto da tomada de políticas como esta. Agora, receberá carta de reprimenda, terá de pagar três mil dólares (2800 euros), mas o Conselho não suspendeu a obstetra e rejeitou a possibilidade de ela não estar apta para continuar a trabalhar.

Já em novembro último, Bernard tinha sido alvo de queixa da Procuradoria-Geral do Estado de Indiana por não ter denunciado imediatamente o abuso da criança, conforme é exigido pela lei estadual. A médica garantiu que seguiu a política do hospital relatando o abuso do paciente a um assistente social.

Quanto ao agressor, este terá sido condenado no Ohio, em julho, mas a identidade permanece desconhecida.