O que leva estas mulheres a alterarem o rosto?

A pressão mediática, a ditadura da imagem, as marcas da idade. Estes são alguns dos motivos que levam várias estrelas de Hollywood a recorrer a cirurgias ou procedimentos de medicina estética. O caso da atriz Meg Ryan, 54 anos, que surgiu na cerimónia de entrega dos Tony Awards, no passado dia 12, com o rosto inchado e as feições alteradas, gerou vários comentários e levantou suspeitas de que poderá ter recorrido a um processo de rejuvenescimento. À estrela de Hollywood juntam-se vários outros exemplos, tais como Reneé Zellweger, Uma Thurman, Carla Bruni, Nicole Kidman ou Cameron Diaz.

Ângelo Rebelo, cirurgião plástico e diretor da Clínica Milénio, realça que figuras públicas como estas estão sujeita a uma “forte pressão” por estarem constantemente “na mira dos media” e realça um outro fator. “Estão ao mercado americano. Isto significa que são solicitadas para fazer muitos procedimentos e cirurgias estéticas. Não é por acaso que os EUA estão no primeiro ou no segundo lugar a nível mundial no que toca a procedimentos estéticos. Estas artistas não podem fugir a esta regra. Por outro lado há competitividade. A idade vai avançando e as pessoas querem ficar mais novas”, começa por explicar ao Delas.pt.

Com uma carreira de mais de 30 anos, Ângelo Rebelo destaca que cirurgias estéticas e procedimentos de medicina estética são invariavelmente confundidos. “São coisas diferentes”. A cirurgia, adianta o especialmente, apenas pode ser realizada por um cirurgião, ao passo que os procedimentos de medicina estética “são feitos por toda a gente, até por pessoas que não são médicas”. Daí que “as maiores complicações e deformações” sejam “causadas por procedimentos de medicina estética”.

No caso de Meg Ryan, e ressalvando que está a fazer a análise a partir de uma fotográfica recente da atriz, que pode levar a uma avaliação errada, o diretor da Clínica Milénio afirma: “Quase que asseguro que ela não tem nenhuma cirurgia estética feita, mas pode ter recorrido a procedimentos de medicina estética. Deve ter feito, quase de certeza, preenchimento das maçãs do rosto. É uma técnica de rejuvenescimento da mulher, porque com o passar dos anos os tecidos moles da face vão atrofiando. É uma forma de rejuvenescer a face”, justifica o especialista.

Outra celebridade que também deu que falar foi Uma Thurman. No ano passado, a atriz de 46 anos foi o centro de todas as atenções na apresentação da série ‘The Slap’, em Nova Iorque, devido às modificações na sua expressão facial. Dias depois, Thurman foi ao programa ‘The Today Show’, da NBC, com o rosto ao qual nos habituou e disse: “Acho que ninguém gostou da minha maquilhagem”. Apesar de não descartar a hipótese de se ter tratado de uma ilusão de ótica causada pela maquilhagem, Ângelo Rebelo afiança: “Medicamente posso dizer que isso se calhar não é verdade. Se usarmos determinados medicamentos conseguimos reverter os efeitos [dos produtos usados no preenchimento] de um dia para o outro”.

Meg Ryan não invocou um truque de maquilhagem, mas também nunca confirmou nem desmentiu ter feito qualquer tipo de procedimento estético. O mesmo aconteceu com Renée Zellweger, a eterna Bridget Jones, que em 2014 apareceu publicamente com um rosto visivelmente alterado.

Ângelo Rebelo não tem dúvidas de que a medicina estética “é cada vez mais popular”, tanto no que toca ao rosto como ao corpo. Mas há cuidados a ter. “As pessoas devem ser avaliadas numa consulta e deve ser feito um diagnóstico e uma indicação correta. Nem toda a gente é para ser tratada com preenchimentos”, ressalva o cirurgião plástico. “As consultas existem para que possamos avaliar o doente do ponto de vista físico e psicológico. A medicina não é uma ciência exata. Tentamos que a pessoa perceba que a expectativa que tem pode ter limites”.

Questionado se este tipo de procedimentos pode ter um efeito “viciante”, o diretor da Clínica Milénio opta por falar em “hábito” e diz mesmo que em alguns casos “os procedimentos têm de ser repetidos”. “Se o paciente vai utilizar produtos de preenchimento, que são reabsorvidos passado um ano ou dois, e tiver gostado do resultado, ao fim desse tempo terá de repetir”, remata.