Meghan e Harry: entre o aplauso dos EUA e o abalo à família real com série polémica que arranca hoje

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[Fotografia: Handout / various sources / AFP/COURTESY OF PRINCE HARRY AND MEGHAN]

Os britânicos e a monarquia aguardam com apreensão e inquietude a estreia da já polémica série da plataforma de streaming Netflix sobre Harry e Meghan, esta quinta-feira, 8 de dezembro. Enquanto no Reino Unido, o clima está pesado, nos Estados Unidos da América o ambiente em torno dos duques de Sussex é de congratulação.

Na antevéspera do lançamento da série documental da Netflix, Harry e Meghan, o casal aceitou o prémio que lhes reconhece o trabalho pelos direitos humanos que têm desenvolvido, pelo combate ao racismo e pela saúde mental. “Eles levantaram-se, falaram sobre justiça racial e sobre doenças mentais de uma forma incrivelmente corajosa”, justificou Kerry Kennedy, presidente da Fundação de Direitos Humanos Robert F. Kennedy, na entrega do prémio Ripple of Hope.

Deste lado do Atlântico, as primeiras declarações do casal feitas à boleia da estreia – com três episódios disponibilizados a 8 de dezembro e mais três a 15 -, e que chega também esta quinta-feira a Portugal na Netflix, já avivaram as desavenças entre os duques de Sussex e o resto da família real.

[Fotografia: Handout / various sources / AFP/COURTESY OF PRINCE HARRY AND MEGHAN]

“Ninguém sabe toda a história. Nós sabemos toda a história”, afirma o príncipe na parte final do trailer divulgado pela plataforma e que apresenta a primeira parte do documentário, intitulado Harry & Meghan.

Três meses após a morte de Isabel II, a série ameaça trazer à luz as divisões que existem dentro da família real e vividas pelos Sussex, que abandonaram as funções reais em janeiro de 2020. “Optámos por fazer uma transição este ano, começando a desempenhar um novo papel dentro desta instituição. Pretendemos dar um passo atrás como membros da Família Real e trabalhar para nos tornarmos financeiramente independentes, continuando a apoiar totalmente Sua Majestade a Rainha”, lia-se na mensagem publicada à data pelos duques, nas redes sociais. Ambos alegaram, em parte, o assédio da imprensa sensacionalista britânica.

“Dor e o sofrimento das mulheres que se casam com esta instituição”

O casamento de 2018 entre o filho mais novo do atual rei Carlos III e a atriz americana foi visto como um sopro de ar fresco para uma monarquia envelhecida. Entretanto, “tudo mudou”, descreve o casal no trailler do documentário e que pode ver abaixo, denunciando uma “hierarquia na família”, “uma guerra contra Meghan”, a “criação de histórias” como parte de um “jogo sujo”.

Nos primeiros relatos, Harry também falou das “fontes de informação” e lamentou “a dor e o sofrimento das mulheres que se casam com esta instituição”, enquanto passam imagens da mãe, Diana, morta em 1997 durante um acidente de carro, enquanto era perseguida por paparazzi. “Não queria que a história se repetisse”, diz ele.

A Casa Real tem mantido o silêncio, mas fontes citadas pelo jornal britânico Daily Mail disseram este fim de semana que Carlos III e a rainha Camilla já estavam “um pouco cansados” dos ataques constantes. Outros alertaram para a eventualidade de as revelações poderem “ser piores do que a realeza espera”. “Vai ser explosivo”, disse uma fonte da Netflix ao jornal The Mirror.

A viver na Califórnia, Harry e Meghan deram, no ano passado, uma entrevista chocante na televisão americana, na qual acusaram um membro não identificado da família real de se preocupar com a cor da pele que seus futuros filhos teriam.

“Não somos de forma alguma uma família racista”, defendeu William. Desde então, a rutura entre os dois irmãos foi irremediável. Após a morte de Isabel II, em setembro, os quatro fizeram um esforço e prestaram lado-a-lado as homenagens em público, em Windsor… mas não se falaram.

A Netflix já lançou um primeiro clipe promocional na semana passada, coincidindo com a primeira viagem aos Estados Unidos de William e Catherine como príncipes de Gales, que deveria dar um brilho jovem e glamoroso à coroa britânica no outro lado do Atlântico.

Desde que deixaram a família real, em janeiro de 2020, o duque e a duquesa de Sussex assinaram contratos estimados em mais de 100 milhões de dólares (95 milhões de euros), com a Netflix e o Spotify.

No arranque de 2023, Harry também publicará suas memórias em um livro intitulado Spare (Suplente em tradução literal). A obra vai chegar a Portugal a 10 de janeiro e com o título Na Sombra e pela editora Objectiva, da Penguin Random House.

Príncipe Harry livro memórias biografia 10 de janeiro 2023
[Fotografia: Divulgação]

Quanto a notoriedade, uma pesquisa feita em maio, a propósito do jubileu de platina de Isabel II e pela da plataforma estatística britânica YouGov, refere que Harry e Meghan estão entre os membros menos populares da família real, com aprovação de 42% e 23%, respetivamente, Abaixo deles está o príncipe André (5% olha-o de forma positiva), acusado de agressão sexual. William e Catherine, contudo, têm 81% e 75% de opiniões favoráveis, respetivamente.

com AFP