Menopausa: Uma grande chatice chamada flacidez da pele

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Não será a pior consequência da menopausa mas incomoda, mesmo que se seja pouco vaidosa: o rosto começa a alterar-se e, por vezes, num par de anos parece que se envelheceu dez… Que alternativas existem para tentar atrasar o inevitável?

“Já tens 50 anos? Pareces muito mais nova, estás ótima!” vão dizendo os velhos amigos nos encontros esporádicos. Um ou dois anos depois, o aspeto pura e simplesmente deixa de ser motivo de conversa. O tempo passou, claro, e por todas as pessoas do grupo, mas neste caso a mudança significativa tem um nome: menopausa.

Com esta nova fase chegam outras consequências mais importantes em termos de saúde e de qualidade de vida, como os desagradáveis afrontamentos, que atingem cerca de 80% das mulheres e podem prolongar-se por muitos e longos anos, perturbações do sono, atrofia vaginal, infeções urinárias de repetição ou perda de massa óssea, entre outras.

No entanto, as relativas à pele, sobretudo da cara, podem ter também um forte impacto, não necessariamente por vaidade mas sobretudo pela consciência do papel que a imagem desempenha na relação com os outros, nomeadamente no trabalho. E, aos 50 e poucos, tem-se mais uns 15 anos de vida laboral pela frente (além, claro, de umas décadas de vida que se desejam ativas, com rugas ou sem elas).

Quem faz terapêutica hormonal vê esta fase adiada, na sequência do tratamento, às mulheres que não têm sintomas que a justifiquem ou estejam impedida de a fazer resta-lhes recorrer à Medicina Estética para tentar contrariar os geralmente bem evidentes efeitos da menopausa no rosto.

O que acontece à cara

“Desde os primeiros sintomas da menopausa há uma redução dos estrogénios, as hormonas femininas, e do colagénio, o que tem impacto direto na pele, provocando o seu envelhecimento progressivo” explica Miguel Andrade, diretor clínico de Medicina Estética das clínicas Dr. Well’s.

“Surgem rugas mais profundas e em maior número, a pele descai, tornando-se mais flácida, perde luminosidade e frescura. Também fica mais sujeita a lesões, há maior dificuldade em cicatrizar e as manchas escuras acentuam-se”.

Ora esta redução não é propriamente suave: “Nos cinco primeiros anos após o fim da menstruação ocorre uma diminuição na produção de colágeno de cerca de 30%. Depois o declínio anual é de 2%”. Isto justificará a sensação, comum a muitas mulheres, de que se envelheceu muito num curto espaço de tempo, quase como se fosse de um dia para o outro.

“A pele fica mais desidratada, perde elasticidade e adquire uma aparência seca e rugosa” detalha o médico. “Surgem rugas mais profundas e em maior número, a pele descai, tornando-se mais flácida, perde luminosidade e frescura. Também fica mais sujeita a lesões, há maior dificuldade em cicatrizar e as manchas escuras acentuam-se”.

Como se isso não bastasse, ao fim de uns 30 anos de menstruação algumas mulheres deparar-se-ão com outro efeito nada simpático: “Pode também ocorrer o aumento dos níveis de testosterona, que tende a propiciar o aparecimento de pelos faciais e acne, especialmente, na zona inferior do rosto”.

Mais vale prevenir…

Quanto à pilosidade não há muito a fazer a não ser tentar eliminá-la definitivamente, o que requer uma avaliação especializada tendo em conta fatores como a cor da pele e a dos pelos (incluindo os brancos que um dia começam a aparecer), além da sua espessura pois, paralelamente aos grossos e viçosos, não é raro surgir uma “penugem” nas áreas laterais da face. Tudo isto interfere no número de sessões necessário para fazer desaparecer este “brinde” da menopausa.

na pele, independentemente do papel que a genética terá e sabendo-se que as consequências são inevitáveis, mais tarde ou mais cedo, a prevenção desempenha um papel bastante importante.

Desde logo, é importante ter presente que “maus hábitos como o tabaco e o álcool contribuem para acelerar o envelhecimento da pele” refere o diretor clínico, e que a atividade física “mantém o corpo oxigenado, melhora a circulação sanguínea e limpa os poros”.

Igualmente fundamental é ter um “regime alimentar completo e regular com um suporte hídrico adequado”. Recomendam-se “alimentos ricos em vitaminas C (antioxidante, ajuda na sintetização do colagénio), A (ajuda na regeneração) e E (combate os radicais livres), que estão presentes em frutas, frutos secos e verduras, entre outros”. Por exemplo, citrinos e frutos vermelhos são especialmente benéficos para a pele.

Relativamente à limpeza e hidratação, “devido à habitual secura cutânea característica desta etapa, a pele deverá ser limpa com uma solução de limpeza e/ou com um sabão sem detergente e enxaguada com água tépida. É também aconselhável a aplicação de uma emulsão para pele seca com um princípio ativo (retinol, alfa-hidroxiácido, antirradicais livres)”.

Muito importante é não dormir maquilhada, alerta o médico, uma vez que “durante as horas de sono, a nossa pele aproveita para se regenerar e oxigenar”, e usar “proteção solar diariamente, alta (30-50) ou elevada (50+)”.

…mas é possível remediar

Segundo Miguel Andrade, o ideal é a mulher “começar a fazer alguns tratamentos preventivos antes de começar a menopausa para que, quando entrar nessa fase, os efeitos não sejam tão evidentes”.

Esses efeitos abrangem toda a face mas há um que se vai tornando bem visível e é dificilmente disfarçável: a flacidez do contorno mandibular. Que pode fazer-se quando a pele que acompanha o maxilar inferior começa a “pender” do osso?

“O problema não é a pele, é o que está por debaixo dela” explica o médico. “Onde temos de atuar é nos músculos e nos tecidos gordos, o tecido adiposo, tentar pô-los para cima” e a pele vai-se adaptando. É por isso que cremes e outros cuidados superficiais, embora ajudem, podem não produzir o efeito desejado (e por vezes prometido na publicidade).

Deixando de lado alternativas mais invasivas, existem vários tratamentos que cumprem a missão. Um dos mais usados nesta clínica é o preenchimento de ácido hialurónico, “uma substância sintética igual à que temos no organismo e que, com o passar dos anos e a menopausa, vai reduzindo gradualmente”. No fundo, trata-se de uma injeção do produto e utiliza-se quer para tratar as rugas em torno dos lábios, por exemplo, quer para disfarçar a queda da pele ao longo da mandíbula. Requer manutenção ao fim de um ano ou ano e meio e custa desde 295€ (o valor para o tratamento aos lábios).

Outra opção disponível é feita com fios de suspensão. Introduzidos por debaixo da pele, em geral dois de cada lado da cara, estes fios possuem uma espécie de “âncoras” que se abrem, criando o dito efeito de suspensão. “Eleva a linha mandibular e melhora chamado bigode chinês”, informa o médico. Requer alguns cuidados, como não rir muito no primeiro dia, mas ao final de dois ou três a paciente já pode maquilhar-se. Custa cerca de 1000€ e o efeito perdura cerca de ano e meio.

Uma experiência de mesoterapia

Uma terceira alternativa é a mesoterapia facial, técnica que, no fundo, faz com que os produtos de que a pele necessita, que foi perdendo ao longo do tempo, penetrem em profundidade. Permite melhorar o brilho, ganhar tonicidade ou combater a flacidez, isto ao longo de seis a dez sessões, uma por semana, por preços entre 80€ a 150€ cada uma. O efeito dura cerca de seis meses, após os quais o tratamento deverá ser retomado.

Não sendo propriamente dolorosa, também não pode dizer-se que a experiência seja agradável. Há que “sofrer” um pouco para bela ser, pois o objetivo é que o conjunto de agulhinhas que vai picando a pele consiga fazê-lo profundamente, de forma a abrir caminho ao produto a aplicar. A sensação intensifica-se na testa e no nariz, melhorando bastante nas restantes áreas.

Efetuado por um médico e com assistência de uma enfermeira, o processo é relativamente rápido, uns 10 ou 15 minutos, e termina com a cara vermelha como se se tivesse acabado de um dia inteiro ao sol, sem protetor. Num par de horas a vermelhidão desaparece e fica-se pronta para outra – já na semana seguinte. Sinais de melhorias são visíveis, em geral, na terceira sessão.

Existem, claro, muitas outras opções de tratamentos, que o especialista aconselhará tendo em conta os efeitos pretendidos pela cliente, a rapidez dos mesmos e o investimento necessário. Sempre visando atrasar o inevitável mas esse adiamento poderá, no caso de algumas mulheres na menopausa, ser um fator relevante para o seu bem-estar.

Teresa Frederico

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