Menos de metade das empresas em Bolsa apresentou planos de igualdade

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A sete meses de se tornar obrigatória, pela lei a presença de 1/3 de mulheres em conselhos de administração em empresas cotadas em Bolsa, apenas 19 em 45 empresas submeteram os planos de igualdade anuais obrigatórios. Uma nova regra cuja taxa de cumprimento junto das empresas do PSI-20 também está abaixo dos 50%, refere o Jornal de Notícias.

Recorde-se que o prazo dado para a submissão destes relatórios de promoção de medidas de igualdade era de 15 de setembro e os dados apresentados foram recolhidos no primeiro dia útil após o prazo. Planos que devem entrar em vigor em abril de 2020 nas empresas cotadas na Euronext Lisboa.

A lei aplica-se também ao Setor Empresarial do Estado e, de acordo com o clausulado, empresas e entidades devem garantir que o género menos representado – geralmente o sexo feminino – deve ser garantido em 33% dos lugares em Conselho de Administração e em órgãos de fiscalização.

Empresas cotadas definem planos de carreira para a igualdade

Segundo dados avançados pelo JN/Dinheiro Vivo, apenas quatro empresas – Altri, Corticeira Amorim, Inapa Investimentos e Sonae Capital – de um total de 45 cumprem já o terço de lugares e funções atribuídos a mulheres nas administrações.

Só 1 empresa cotada em bolsa, em 47, é administrada por uma mulher

Por contraposição, há 11 companhias cotadas na Bolsa que não contam com qualquer elemento do sexo feminino.

Sporting e SIC submeteram planos

No universo do futebol e tal como pode ser consultado até ao momento, apenas a SAD do Sporting apresentou o plano de igualdade para o próximo ano. Nem o Benfica, nem o Porto, nem o Sporting de Braga têm as propostas disponíveis no site da CMVM.

Quanto aos leões, as propostas citadas pela agência Lusa, passam pelo fomento de processos de recrutamento “justo e objetivos” e “garantia de justiça salarial” entre homens e mulheres, bem como a prevenção de práticas de assédio

Segundo informa o clube, entre SAD, staff, técnicos e atletas, o Sporting tem 81 mulheres entre os seus 338 funcionários, o que representa 24 por cento. Em 1 de outubro, o Sporting vai apresentar em assembleia geral a eleição de Maria Serrano Sancho e Sara Araújo Sequeira para vogais do conselho de administração. Paralelamente, Catarina Cunha vai ser vogal do conselho fiscal.

“Prevenir práticas de assédio e afirmar uma cultura empresarial de respeito” faz igualmente parte das prioridades, no âmbito de “garantia de justiça social”.

Entre os compromissos assumidos está também o de promover “uma participação mais equilibrada de mulheres e homens no mercado de trabalho e na vida familiar”.

É assim que surgem também dispensas, sem perda de remuneração, nos aniversários dos trabalhadores e dos seus filhos, bem como na manhã do primeiro dia de escola dos descendentes até ao segundo ciclo inclusive, e a atribuição de um cheque bebé de 250 para crianças que nasçam em 2020.

Quanto ao universo dos media, apenas a Impresa, dona da SIC, submeteu o plano de igualdade – a Media Capital, detentora da TVI, ainda não tem o documento disponível na CMVM.

A proposta da empresa de Balsemão não têm números concretos para as propostas que apresenta, mas compromete-se a “analisar as áreas onde é possível implementar o teletrabalho, de forma a garantir uma maior conciliação” familiar. O mesmo documento refere a “ministração de formação em igualdade de género a chefias, de forma a promover a participação equilibrada de mulheres e homens nos processos de tomada de decisão” e “sensibilização top-down das políticas de igualdade, bem como das medidas a implementar e os objetivos a alcançar”.

Carla Bernardino

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