Merkel quer igualdade de género no acesso ao crédito

German Chancellor Angela Merkel addresses a speech after receiving a degree Honoris Causa, or honorary doctorate, from Belgian universities of KU Leuven and UGent
Chanceler alemã Angela Merkel [REUTERS/Yves Herman]

A chanceler alemã, Angela Merkel, vai defender junto do G20 – o grupo dos 20 países mais industrializados do mundo –, a necessidade de criar “facilidades financeiras” no acesso ao crédito por parte das mulheres, para combater as atuais desigualdades de géneros no contexto económico.

O anúncio foi feito pela governante alemã na conferência ‘Women20 (W20)‘, sobre empoderamento feminino, que se realizou esta terça-feira, em Berlim, na Alemanha, e a proposta será levada à próxima reunião do G20, a decorrer em julho.

Segundo a chanceler, a medida deverá contar com o apoio de países como Canadá, Estados Unidos e Holanda.

No encontro desta terça-feira – organizado formalmente pelo Conselho de Mulheres Alemãs e onde estiveram representantes do G20, organizações internacionais e figuras de destaque como Ivanka Trump, filha do presidente norte-americano, e Christine Lagarde, diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI) -, Merkel notou que apesar de quase 50% da população mundial ser feminina, tal não se reflete no mundo empresarial e laboral.


O acesso da mulher ao mercado laboral e a recursos económicos, o seu papel como empresária e o desafio da digitalização são alguns dos temas centrais da W20.


A questão do acesso ao crédito faz parte também das recomendações da OCDE, que sublinham a “necessidade de ser assegurada” a igualdade no acesso ao crédito, para mulheres e homens empreendedores.

Acesso ao crédito entre as maiores dificuldade para as portuguesas

Um estudo de 2014 do Instituto para o Fomento e Desenvolvimento do Empreendedorismo em Portugal (IFDEP), sobre empreendedorismo feminino, revelou que um dos maiores entraves sentidos pelas mulheres portuguesas que pretendem arriscar num negócio próprio é o acesso ao financiamento.


Quando questionadas sobre os constrangimentos à abertura de um negócio próprio, 61,88% respondeu as dificuldades de financiamento.


O mesmo estudo mostra que as soluções mais tradicionais e difundidas são as mais conhecidas entre as mulheres, surgindo de forma destacada os apoios estatais (71,88%), o crédito bancário (68,13%) e o microcrédito (55,63%). Só 20,63% referiu o capital de risco como uma das opções. Talvez por isso, notam as conclusões do estudo, 52.50% das inquiridas sugeriram a criação de novos instrumentos de financiamento como medida de apoio ao empreendedorismo.

Entre os fatores de constrangimento, a discriminação de género apresenta um valor insignificante (1.88%), mas aparece, mais à frente no estudo, como uma das dificuldades que as mulheres sentem para empreender, recolhendo 42,19% da amostra e surgindo logo depois da incerteza de rendimentos 44,06%.

Igualdade de género ajuda a economia
Um estudo publicado a 8 de março deste ano, pelo Instituto Europeu para a Igualdade de Género (European Institute for Gender Equality, na designação oficial), mostra que combater as desigualdades entre sexos não é só apenas uma questão de princípio como traz evidentes vantagens para a economia.

Entre as conclusões da pesquisa, intitulada “Benefícios Económicos da Igualdade de Género na União Europeia”, destacam-se os postos de trabalho que podem vir a ser criados até metade deste século.


“O incremento da igualdade de género levaria à criação de mais 10.5 milhões de empregos em 2050, o que beneficiaria tanto mulheres como homens.”


O estudo revela ainda que o impacto de medidas para fomentar a igualdade de género, no Produto Interno Bruto (PIB), na UE, varia de estado-membro para estado-membro, dependendo da sua evolução nessa matéria. Portugal é um dos países onde esse impacto será maior, estimando-se em 12% do PIB em 2050.

Portugal está entre países, que em termos de PIB, mais tem a ganhar com medidas para incrementar a igualdade de género

De acordo com o documento, os impactos positivos da igualdade de género resultam, em grande parte, do facto de abordarem algumas das fraquezas estruturais da economia comunitária, identificados na estratégia Europa 2020, como o emprego, a produtividade e o envelhecimento da população.

“Para alcançar um crescimento consciente, sustentável e inclusivo, a União Europeia precisa de começar a generalizar agora a igualdade de género.”