Meryl Streep: de heroína a vilã

Depois do discurso ‘vitorioso’ dirigido a Donald Trump, proferido durante a última gala dos Globos de Ouro, Meryl Streep chega à 75ª edição da cerimónia envolta em polémicas.

Foi em janeiro do ano passado que a atriz norte-americana venceu o prémio carreira Cecil B. DeMille. Na hora do grande discurso, Meryl Streep apontou o dedo ao atual presidente dos Estados Unidos da América, num discurso aplaudido por todos. “Hollywood está cheia de forasteiros e estrangeiros e se nos pontapear a todos para fora não terá nada para assistir, apenas futebol e artes marciais, que não são arte”, afirmou a atriz.

Contudo, meses mais tarde, o ‘estado de graça’ parecia ter chegado ao fim, quando a atriz Rose McGowan, que diz ter sido violada por Harvey Weinstein , recriminou as atrizes (incluindo Streep) que quiseram vestir-se de preto para os Globos de Ouro, em protesto contra o assédio sexual, mas que trabalharam largos anos com Weinstein.

A acusação foi feita através do Twitter: “Atrizes como a Meryl Streep, que trabalharam com agrado para o Monstro, estão a vestir-se de preto para o Globos de Ouro num protesto silencioso. O vosso silêncio é o problema. Desprezo a vossa hipocrisia. Talvez devessem todas usar Marchesa [marca de roupa de Weinstein e de Georgina Chapman]”.

Magoada com as palavras de McGowan, a atriz com mais nomeações para os Óscares da história do cinema norte-americano, respondeu às acusações através de um comunicado enviado ao Huffington Post, voltando a reforçar que não tinha conhecimento dos comportamentos do produtor: “Não estive em silêncio deliberadamente”.

Depois das críticas pelo seu silêncio, Meryl Streep, em entrevista ao The New York Times, sobre o movimento #MeToo, publicada na semana passada, falou pela primeira vez sobre os casos de assédio sexual em Hollywood. “Vivi coisas, sobretudo quando era jovem e bonita. Antigamente, quando todos consumiam cocaína, havia muitos comportamentos indesculpáveis. Mas agora que as pessoas são mais velhas, e estão mais sóbrias, tem de haver perdão e isso é o que penso sobre o assunto”, contou.

“Sofri muito, mas não quero estragar a vida de pessoas que agora têm outra maturidade. Não quero mesmo. Penso que, se o mundo tem de continuar, temos de arranjar uma forma de trabalhar juntos”, acrescentou a atriz. “Não sabia que ele estava a abusar de pessoas. Ele nunca me convidou para um quarto de hotel”, frisou novamente a atriz sobre a conduta de Weinstein.

Nesta mesma entrevista, Streep, apoiante do projeto Time’s Up, menciona ainda a polémica antiga com Dustin Hoffman, recentemente acusado de assédio sexual. Recorde-se que numa entrevista à Time, de 1979, recuperada pela Slate, a atriz contou que Hoffman lhe apalpou os seios durante o primeiro encontro.

Depois de tantas controvérsias, as opiniões sobre a conduta de Meryl Streep dividem-se. Afinal, o que será que podemos esperar da atriz, nomeada para melhor atriz de drama, nesta 75ª edição dos Globos de Ouro?

Imagem de destaque: Reuters

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