Meryl Streep em oposição aberta a Donald Trump

Ceremony - 74th Golden Globe Awards
epa05706530 A handout photo made available by the Hollywood Foreign Press Association (HFPA) on 09 January 2017 shows Meryl Streep accepting the Cecil B. DeMille Lifetime Achievement Award during the 74th annual Golden Globe Awards ceremony at the Beverly Hilton Hotel in Beverly Hills, California, USA, 08 January 2017. EPA/HFPA / HANDOUT ATTENTION EDITORS: IMAGE MAY ONLY BE USED UNALTERED +++ MANDATORY CREDIT ++ HANDOUT EDITORIAL USE ONLY/NO SALES/NO ARCHIVES

subiu ao palco do hotel Beverly Hilton quase sem voz mas isso não a impediu de se fazer ouvir. As palavras da atriz, agraciada este domingo à noite com o prémio Cecil B. Demille durante a entrega dos Globos de Ouro pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood, foi um dos momentos altos da cerimónia. A atriz norte-americana, de 67 anos, aproveitou a ocasião para, sem papas na língua mas sem nunca referir o nome de Donald Trump, criticar o presidente eleito dos EUA e elogiar os estrangeiros e a imprensa.

“Vocês, e na verdade todos nós nesta sala, pertencemos por estes dias aos setores mais vilipendiados na sociedade norte-americana. Pensem nisso: Hollywood, estrangeiros e imprensa. Mas o que é que nós somos? Somos um bando de gente de vários sítios”, começou por dizer a intérprete.

“A belíssima Ruth Negga nasceu em Addis Ababa, na Etiópia, foi criada na Irlanda e está aqui nomeada por interpretar uma jovem de uma pequena cidade na Virginia [EUA]. O Ryan Gosling, como todas as pessoas simpáticas, é canadiano. E o Dev Patel nasceu no Kenya, foi criado em Londres, e está aqui por ter dado vida a um indiano criado na Tasmânia. Portanto, Hollywood está apinhada de forasteiros e estrangeiros, e se os expulsarmos a todos não vamos ter nada para ver além de futebol e artes marciais mistas, que não são arte”, acrescentou.

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Streep elogiou de seguida os atores que tão bem souberam vestir outras peles, e destacou uma que que lhe “partiu o coração, não por ser boa – porque de boa não tinha nada – mas foi efetiva e cumpriu a sua função: fez toda uma audiência rir e mostrar os seus dentes”. A atriz referia-se ao momento em que Trump imitou, durante um comício político, o repórter inválido do ‘New York Times’, Serge Kovaleski.

“Partiu-me o coração e ainda não consigo tirá-lo da minha cabeça porque não se tratava de um filme, era na vida real. Quando esse instinto de humilhar vem de alguém numa plataforma pública, afeta a vida de todos, pois dá permissão a que outros façam o mesmo, O desrespeito convida o desrespeito, a violência incita a violência. Quando os poderosos usam a sua posição para intimidar os outros todos nós perdemos”.

A terminar, a atriz deixou mais uma palavra à imprensa: “nós vamos precisar dela e ela de nós para salvaguardar a verdade”.