MeToo. Harvey Weinstein condenado a 16 anos por abuso sexual, R Kelly a 20 por pornografia infantil

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Produtor Harvey Weinstein e o rapper R Kelly [Fotografia: Montagem ETIENNE LAURENT / POOL / AFP e JOSHUA LOTT / AFP]

Weinstein, de 70 anos, já se encontra a cumprir uma sentença de 23 anos de prisão, após a sua condenação em Nova Iorque, em 2020, por acusações semelhantes e das quais recorreu.

O músico R Kelly, de 56 anos, também já cumpre pena, mas vê agora ditada nova sentença de 20 anos por pornografia infantil e outras acusações, que poderá cumprir, na maior parte, simultaneamente com a sentença anterior, de 30 anos. Uma condenação emitida depois de um júri do Brooklyn, num julgamento federal separado, o ter condenado por acusações de extorsão e tráfico sexual.

A defesa de Harvey anunciou, segundo noticiou a agência France-Presse (AFP), que recorreu da condenação desta quinta-feira, 23 de fevereiro, em Los Angeles. “Afirmo que sou inocente. Nunca violei ou agredi sexualmente Jane Doe 1”, destacou Weinstein, referindo-se à modelo italiana que chorou em tribunal enquanto o ex-produtor falava. Esta mulher, identificada apenas como Jane Doe 1, contou em tribunal como aquele crime mudou a sua vida: “Eu estava animada com o meu futuro. Tudo mudou depois do réu me agredir brutalmente. Não há sentença de prisão longa o suficiente para desfazer o dano“.

A juíza do Tribunal Superior de Los Angeles, Lisa B. Lench, proferiu a sentença depois de rejeitar uma moção dos advogados de Weinstein para um novo julgamento. Em 19 de dezembro de 2022, Weinstein foi a considerado culpado de violação e duas agressões sexuais, quase metade das acusações pelas quais havia sido processado por quatro mulheres, no final do seu julgamento em Los Angeles.

Os jurados, no entanto, consideraram-no inocente das acusações de uma segunda mulher e não emitiram um veredicto sobre as acusações de outras duas.

Weinstein que produziu sucessos premiados como Pulp Fiction (1994) ou O Artista (2011), já tinha sido condenado em Nova Iorque, em 2020, a 23 anos de prisão por ações semelhantes.

A queda desta figura do cinema em 2017 libertou as vozes de muitas mulheres e gerou o movimento #MeToo. Neste segundo julgamento, quatro mulheres testemunharam anonimamente contra Weinstein.

A defesa do ex-produtor procurou lançar dúvidas sobre a palavra das quatro queixosas, destacando em particular a ausência de provas forenses para apoiar as suas histórias.

Após a condenação criminal do ex-produtor, a modelo, reconhecida como vítima no final do julgamento, apresentou queixa no início de fevereiro, num tribunal de Los Angeles, para obter uma indemnização civil, embora não tenha sido especificado o valor reclamado. Em 2021, um acordo civil tinha concedido 17 milhões de dólares (cerca de 16 milhões de euros) a várias dezenas de mulheres que acusavam o ex-produtor, mas esta mulher não era uma delas.

Rumores sobre o comportamento de Weinstein circulavam há anos em Hollywood, com o escândalo a ‘rebentar’ finalmente em 2017, graças às investigações da imprensa que compilaram várias acusações.

Desde então, quase 90 mulheres, incluindo Angelina Jolie, Gwyneth Paltrow e Rosanna Arquette, acusaram Harvey Weinstein de assédio, agressão sexual ou estupro. Além dos processos criminais nos Estados Unidos, o ex-produtor também é acusado no Reino Unido por agressões sexuais que datam de 1996.

 

Para a defesa de R Kelly, passar um máximo 31 anos de prisão é uma vitória para a defesa, que defendeu que “uma sentença simultânea é o que a justiça exige”, mas que vai recorrer da condenação.

O artista nascido Robert Sylvester Kelly foi condenado em setembro de 2022 por seis das 13 acusações: três acusações de produção de pornografia infantil e três de aliciamento de menor.

O cantor conhecido por sucessos como I Believe I Can Fly foi absolvido por um júri federal das sete outras acusações, incluindo acusações de que obstruiu a justiça num julgamento anterior.

Kelly e dois ex-companheiros foram acusados ​​de cometer fraude no processo de pornografia infantil do cantor em 2008, no qual um júri deliberou a inocência. A condenação federal em Chicago veio um ano depois de Kelly ser condenado em Nova Iorque por recrutar sistematicamente adolescentes e mulheres para sexo.

Esse veredicto foi amplamente visto como um marco para o movimento #MeToo: foi o primeiro grande julgamento de abuso sexual em que a maioria dos acusadores eram mulheres negras. Também foi a primeira vez que R Kelly enfrentou consequências criminais pelo abuso que, segundo rumores, ele exerceu sobre mulheres e crianças durante décadas.

CB com agências