México: Amnistia denuncia tortura sexual

Manifestação no México contra a violência
Prtotesto pelo fim da violência contra as mulheres no México REUTERS/Ginnette Riquelme

A polícia e as forças militares mexicanas torturam e abusam sexualmente das mulheres para obter “confissões”, denuncia a Amnistia Internacional, num relatório divulgado esta terça-feira.

A organização de defesa dos direitos humanos inquiriu uma centena de mulheres, detidas em prisões do México, e todas declararam ter sofrido diferentes formas de violência e assédio sexual. Entre os abusos denunciados estão espancamentos, choques elétricos ou apalpões, durante a detenção e na fase de interrogatório. Mas as queixas das detidas não ficam por aqui.

Das 100 mulheres entrevistadas, “72 afirmaram ter sido agredidas sexualmente durante a sua detenção ou nas horas que se seguiram” e “33 disseram ter sido violadas”, descreve o relatório.

A Amnistia dá também conta de que estes crimes contra as detidas ficam sem qualquer punição, revelando que 70 mulheres disseram ter relatado as agressões a um juiz ou a outros representantes do Estado. Contudo, só foram abertas investigações em 22 casos e “ninguém foi acusado”.

As mulheres detidas são quase sempre acusadas de infrações relacionadas com o crime organizado ou com o narcotráfico. A maioria provém de famílias pobres o que lhes reduz a possibilidade de “ter uma defesa digna desse nome”, sublinha a organização internacional.

“Quando falamos de violência contra a mulher, o método preferido do Estado [mexicano] é a violência sexual. Foi uma descoberta surpreendente”, declarou Madeleine Penman, autora do relatório, à agência AFP.

Erika Guevara-Rosas, diretora para as Américas da Amnistia Internacional, acrescenta que a violência sexual como forma de tortura “parece estar banalizada durante os interrogatórios”.

“Aquilo que as mulheres descrevem oferece uma visão chocante da prevalência da tortura contra as mulheres no México”, conclui a responsável.