Migrantes e refugiados: frio, fome e abandono

Em um ano, mais de um milhão de refugiados e migrantes chegaram à Europa, fugidos de guerras e conflitos da Ásia e do Médio Oriente. O Mediterrâneo, de acordo com dados revelados pelo weforum.org, terá sido a rota usada por 370 mil pessoas, uma travessia mortal que já ceifou a vida a, estimativas em baixa, 4 mil e 700 pessoas.

Atualmente, são milhares os refugiados retidos em campos na Grécia e nos Balcãs, sem escapatória após o encerramento de fronteiras de países como a Hungria, bloqueando as rotas para a Europa Central e de Leste.

Numa altura em que a Europa está a ser assolada por uma vaga de frio polar, as Nações Unidas pediram publicamente aos países que têm acolhido refugiados para os proteger de condições meteorológicas severas e de temperaturas negativas que já baixaram aos -14ºC, na Grécia.

Segundo a agência para os refugiados das Nações Unidas, a UNHCR, já morreram cinco refugiados, entre eles uma mulher somali, desde o início deste ano, devido ao frio.
A viverem sem condições, quer em campos sobrelotados, quer em prédios abandonados, junta-se ao frio, a fome, a falta de agasalhos e as deportações.

No dia Mundial do Refugiado e Migrante, assinalado este domingo, 15 de janeiro, é tempo de lembrar o drama vivido por milhões de pessoas um pouco por todo o mundo, obrigadas a sair dos seus territórios, das suas casas, das suas vidas. Muitas saem rumo à morte, muitas outras sobrevivem em condições desumanas. Uma realidade dramática para homens, mas ainda mais severa para mulheres e crianças.


Leia os dramas que chegam dos campos da Grécia e os relatos de prostituição vividos pelas mulheres e crianças


Uma criança em cada 200 está refugiada, e o numero de menores nestas condições mais do que duplicou na última década. Muitos deles atravessam fronteiras sozinhos. No último ano, foram mais de 100 mil as crianças que, naquelas condições, pediram asilo. O triplo de 2014.

Uma realidade que está longe de acalmar. As Nações Unidas estimam que, em 2017, mais de 1,2 milhões de pessoas precisarão de ser recolocadas.

Ao nível mundial e em finais de 2015, 65,3 milhões de pessoas tinham saído dos seus próprios territórios. Destes, 21,3 milhões eram refugiados, 40,8 estavam deslocados internamente e 3,2 pediram asilo. Todas estas pessoas seriam suficientes, explica o weforum.org, para criar o 21 país mais populoso do mundo.
Importante sublinhar que metade dos refugiados são oriundos de apenas três países: Síria, Afeganistão e Somália.

A Turquia, com quem a Europa estabeleceu um polémico acordo para servir de tampão a troco de financimento de milhares de milhões de euros, é o país que mais acolheu pessoas fugidas de guerras, e conta com 3 milhões de refugiados e exilados. Destes, 90% são sírios. O Líbano, por seu turno, regista a mais alta concentração de refugiados: um em cada cinco habitantes.