MAI: Ministro só no masculino?

Constança Urbano de Sousa GNR 5

A carta de demissão que a Ministra da Administração Interna apresentou ao Primeiro-Ministro foi facsimilada e enviada para os meios de comunicação social. E há um detalhe que pode causar espanto. No cabeçalho do gabinete que remete a carta vemos escrito Ministro. Ministro e não Ministra.

 

Por que razão o cabeçalho das comunicações do Ministério da Administração Interna não está escrito no feminino? Constança Urbano de Sousa ocupa o cargo desde novembro de 2015. Não era possível ter-se atualizado o género da palavra? Para mais, apesar de o antecessor da agora ex-ministra ser um homem, João Calvão da Silva deteve o cargo apenas por 28 dias. Antes dele, Anabela Rodrigues foi a titular da pasta por mais de um ano.

O léxico do Português aceita a flexão da palavra ministro/ministra. No dicionário online Priberam pode ler-se:

mi·nis·tra
(feminino de ministro), substantivo feminino 1. Mulher que exerce o cargo de ministro.

Aparentemente, a palavra ainda não está interiorizada sequer nos órgãos do Governo, o que é estranho num governo que pugna pelas cotas em empresas públicas e privadas. As mulheres são ministras desde o II Governo Constitucional, em 1974 – Maria de Lourdes Pintassilgo foi ministra em 1974 e primeira-ministra em 1979. No entanto, a palavra glosada no feminino só foi utilizada em 1985 quando Leonor Beleza exigiu ser tratada por Ministra. E agora senhoras ministras?