Moçambique encerra igreja por promover casamentos com menores

Casamento
Fotografia: Shutterstock

O governo moçambicano encerrou, esta semana, uma igreja no distrito de Angónia, no centro de Moçambique, por promover casamentos entre menores e adultos.

“Fechámos a igreja, porque segue práticas contrárias aos princípios e leis em vigor na República de Moçambique”, afirmou à Rádio Moçambique, Paulo Sebastião, administrador do distrito de Angónia.

Segundo a mesma rádio, a igreja aceitava contrair matrimónio entre fiéis adultos que dissessem que tinham sonhado que estavam a casar com uma mulher da igreja, sendo essa mulher muitas vezes menor. O caso que terá levado ao encerramento da igreja relaciona-se com uma menor obrigada a casar com um idoso polígamo que frequentava a igreja, depois de este ter dito que sonhou estar casado com a menina.

Mas o administrador de Angónia afirmou que as autoridades distritais “resgataram” as menores que foram obrigadas a casar com adultos.

Esta medida acontece numa altura em que o governo moçambicano e organizações da sociedade civil moçambicanas têm apontado os casamentos infantis e precoces nas zonas rurais como um dos fatores da perpetuação da pobreza entre as mulheres no país, que ficam impedidas de continuar a frequentar escola e de perderem oportunidade de obter a sua autonomia financeira.

O presidente moçambicano, Filipe Nyusi, escolheu o Dia da Criança, no passado 1 de junho, para apelar publicamente ao fim dos casamentos prematuros no país.

“Este ano assinalamos a efeméride sob o lema ‘Vamos pôr ponto final aos casamentos prematuros’ como forma de chamar atenção” para o problema, referiu na altura o chefe de Estado.

“Façamos da família o laboratório que molda o cidadão de amanhã, [em que as crianças] tenham um processo de crescimento sadio e sem perturbações”, acrescenta.

Em Moçambique, metade das mulheres com idades entre os 20 e 24 anos de idade casaram-se quando eram menores – 14% das quais antes dos 15 anos, segundo dados da UNICEF. A organização, em conjunto com o governo do país, lançou uma Estratégia Nacional de Prevenção e Combate aos Casamentos Prematuros, para vigorar até 2019.

 

Presidente moçambicano apela ao fim dos casamentos infantis