ModaLisboa: a mulher de Filipe Faísca até no campo é sensual

O desfile de Filipe Faísca é sempre um dos momentos mais aguardados da ModaLisboa. A sala do Pátio da Galé demorou a compor-se e o desfile já levava meia hora de atraso. O burburinho só acalmou quando as luzes se apagaram e Brigitte Bardot surgiu nos ecrãs instalados nas paredes do espaço, completamente lotado. É o início do espetáculo, que começou com a projeção de uma cena do filme francês Viva Maria (1965), seguida de ruídos semelhantes a orgasmos femininos.

Maria Clara, a manequim portuguesa que está nas bocas do mundo por ter chegado às semanas de moda internacionais, abre o desfile, caminhando na passerelle ao som de Cream, de Prince. Com este primeiro coordenado amarelo ainda não se consegue antever o rumo que a coleção vai tomar, mas no final as peças do puzzle encaixam-se.

“Retrospetiva” é como se chama esta nova coleção de Faísca, que está a celebrar 25 anos de uma carreira sólida, construída em torno da mulher sensual, a mulher decidida, a mulher que nada teme. É a mesma mulher que, na estação passada, vestia tops rendados e usava saias plissadas, e que agora usa vestidos opacos que cobrem boa parte do corpo. Mantém a sensualidade, mesmo usando um chapéu de palha na cabeça e levando um cesto de vime no braço.


Recorde o artigo sobre a anterior coleção (outono/inverno 2016/2017) de Filipe Faísca.


Extensa, a coleção integrou 42 coordenados – na sua maioria vestidos, ora midi ou longos, com alguns folhos e plissados, que conferiram às peças uma grande leveza. No final, já com Crazy, de Gnarls Barkley, a ecoar na sala, Filipe Faísca atirou rosas para a plateia – que se levantou para aplaudir o trabalho e o sucesso deste veterano da indústria.

Fotografias: Rui Vasco/ModaLisboa