Os bordados da Madeira marcaram o último dia de ModaLisboa

A ModaLisboa encerrou este domingo, dia 11 de março, a semana de moda de Lisboa fechou com o desfile de Dino Alves que decorreu com passerelle a ser desmontada, mas o momento alto do dia foi o desfile de Filipe Faísca.

O dia começou na Estufa Fria, com o desfile de Olga Noronha a inspirar-se na teoria de psicanálise The Uncanny, teoria de 1919 que defende a ideia do estranho familiar. Apoiada nesta ideia a designer criou peças com formas bastante orgânicas que lembram elementos naturais e que se adaptam às formas do corpo. Destaque também para os materiais utilizados: Poliuretano, silicone, teflon, folha de ouro e caviar (sarja com sobreposição de tinta). Este foi o desfile mais conceptual do calendário da semana de moda lisboeta.

Seguiu-se o desfile de David Ferreira, que se revelou mais contido do que as suas anteriores apresentações. Desta vez o designer inspirou-se na ideia de uma millenial a reinventar o guarda-roupa da sua avó. Não faltaram as plumas e o pelo, os elementos habituais nas criações do criador.

Vestido linha A com mangas presunto. Filipe Faísca | ModaLisboa

O terceiro desfile do dia foi o melhor do último dia de ModaLisboa. Filipe Faísca roubou os bordados da madeira às barras dos lençóis, toalhas e napperons e aplicou-os em vestidos que fizeram soltar suspiros da plateia. O designer apresentou uma coleção muito romântica e delicada, com cores leves que nos fazem esquecer que esta coleção é de inverno, até porque o designer não apresentou um único casaco. Saias rodadas, cinturas marcadas, mangas presunto (muito volumosas na parte superior do braço e ajustados do cotovelo para baixo) e vestidos linha A (evasé) marcaram a silhueta da mulher Filipe Faísca. Criações que nos levam para a inocência dos cenários bucólicos mas que têm um toque de sensualidade trazido pelas transparências. Os materiais eleitos foram o organdi, linho, seda, viscose, lã e veludo.

Kolovrat apostou em cores fortes, que misturou entre si. Uma diversidade que também se estendeu aos materiais e silhuetas. Não faltaram os detalhes, sobretudo nos casacos.

O cão da modelo Margarita Pugovka fez a sua estreia na passerelles no desfile de Ricardo Andrez |ModaLisboa

Ricardo Andrez vestiu-se de Burberry, ou melhor, do padrão xadrez que se tornou no símbolo da marca. O designer procurou satirizar o atual streetstyle em que são os logótipos que mais mandam e não o verdadeiro estilo. Ao xadrez o criador juntou bolas vermelhas e materiais técnicos, numa coleção que pede para ser fotografada na rua. destaque ainda para os óculos de sol criados pela ótica Olhar de Prata em colaboração com o estilista.

A noite fechou com Dino Alves, que espalhou sacos do lixo pela passerelle e acabou com a falsa parede que separava a sala de desfiles dos bastidores rasgada. A Outra Verdade foi o nome escolhido pelo designer para uma coleção que se inspirou na obsessão do ser humana pela perfeição na era das redes sociais. A roupa tornou-se assim um ode à imperfeição com cinturas deslocadas do seu sítio habitual, peças feitas a partir de moldes de outras coisas e t-shirts com a frase “I’m not perfect but my Instagram is” (eu não sou perfeito mas o meio Instagram é). Também a mise-en- scéne quis refletir o que esconde a perfeição, revelando a outra verdade de uma semana de moda.

Está a chegar um documentário sobre a ModaLisboa

A homenagem ao Zé Pedro foi bonita mas há mais para contar