Portugal é dos poucos países com duas semanas de moda com peso na indústria dentro e fora de portas, mas essa uma realidade que já tem fim à vista. Amanhã, dia 11 de setembro, é assinado um protocolo entre a associação ModaLisboa e a ANJE, entidade responsável pelo Portugal Fashion.
Apesar do comunicado oficial ser feito apenas amanhã, depois da conferência de imprensa, o Delas.pt apurou que o acordo se prende sobretudo com uma conciliação de agendas e o alinhamento de uma estratégia conjunta para a promoção da moda nacional. No entanto, as marcas vão manter-se independentes e os nomes não sofrem alterações. Já na próxima edição, em outubro deste ano, o evento será organizado em parceria pelas duas entidades.
O Delas.pt sabe ainda que as negociações para chegar a um acordo foram longas e que o tema já teria sido abordado outras vezes. O protocolo será assinado na presença do Primeiro Ministro, António Costa, que terá tido um papel importante neste processo. É de recordar que muitos dos designers que faziam parte do calendário da ModaLisboa migraram ao longo dos últimos quatro anos para o evento do norte com uma forte aposta na internacionalização. Já a ModaLisboa nos últimos dois anos sofreu várias alterações que marcaram o seu ADN mais conceptual e mais virado para a moda de autor.
“Eu acho sinceramente que não existem duas semanas de moda em Portugal. Existem dois eventos de moda em Portugal e o que faz falta é uma semana de moda no país. Tal como as ações conjuntas internacionais, podíamos pensar estrategicamente mais do que no nosso próprio umbigo e fazer uma ação portuguesa, que não fosse nem de Lisboa nem do Porto, que pudesse potenciar efetivamente o que fazemos de bom.”, disse o presidente da Anje, Adelino Costa Matos, ao Delas.pt, em 2017.
Uma visão partilhada por Eduarda Abbondanza, como deixou claro a Diretora da ModaLisboa em entrevista ao Delas.pt, em 2017 : “Acho que uma organização tentar canibalizar a outra é aquilo que não existe no mundo. No país, as organizações canibalizarem-se é uma coisa que não existe no resto do mundo. As organizações trabalham, coordenam e dividem trabalho. Se eu estou a trabalhar mais nisto, então vou trabalhar mais aquilo. Porque há um trabalho enorme para ser feito e há que coordenar, porque a rentabilização de esforços é uma coisa importante.”
A conciliação de opiniões foi agora conseguida com a redação de um acordo histórico para a moda portuguesa. Apesar da importância deste passo para o desenvolvimento da indústria de moda em Portugal, os designers que integram o calendário de ambas as semanas de moda não foram consultados e ainda desconhecem quais serão as alterações efetivadas aos eventos.
“Acho que os designers deviam ter sido consultados”, confessa ao Delas.pt, Luís Buchinho, no entanto o criador português mostra-se satisfeito com a novidade. ” Acho que pode ser uma boa novidade. Somos um país pequeno e não faz sentido ter duas semanas de moda. A união pode ser benéfica para todos”.
Imagem de destaque: View Fashion Book
“A moda é uma área que tem muito dinheiro mas só do Centro para cima”
“Existem dois eventos de moda e o que faz falta é uma semana de moda”
