ModaLisboa e Portugal Fashion contam com manequins que escaparam da guerra

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[Fotografia: Gerardo Santos/Global Imagens]

Quando o pano subir no Hub criativo do Beato, em Lisboa, a partir de 10 e até 13 de março, ou no Porto, de 16 a 19 do mesmo mês, o mais provável é que conte com protagonistas ucranianas. O Delas.pt sabe que, no elenco de propostas de manequins que irão desfilar as criações dos designers de moda da ModaLisboa e do Portugal Fashion, há alguns nomes que chegaram recentemente a Portugal e vindos da guerra da Ucrânia, na sequência da invasão russa, que começou na madrugada de 24 de fevereiro.

“Estamos a rever castings para tentar incluir algumas manequins ucranianas e para as tentar ajudar nesta fase complexa”, diz fonte do setor ao Delas.pt. Segundo o processo regular, caberá depois a cada designer dar luz verde aos nomes propostos, como acontece em todas as edições, e poder vir a incluir estas manequins em desfiles.

“Estamos a ajudar modelos que vêm daquela zona a chegar a Portugal e hoje [segunda-feira, 7 de março] chegam a Portugal um casal vindo da Polónia e que conseguiu voo em Berlim e uma modelo que conseguiu atravessar e ir até à Moldávia. No dia 9 [quarta-feira] deverá chegar outra manequim. Também há casos de pessoas que vieram da Eslováquia”. A descrição é de Nuno Lagarto, responsável pelo departamento internacional da agência Best Models e que é uma das empresas que trabalha nas semanas de moda nacionais. “Estamos a tentar preencher a nossa quota de modelos internacionais com manequins vindas dessa guerra. Elas podem desfilar e, com isso, ganharem algum dinheiro, é uma forma de as ajudar”, revela ao Delas.pt.

Segundo o responsável, a Best Models poderá vir a albergar cerca de uma dezena de manequins ucranianos, com idades entre “os 16, 17 anos e os vinte e tal”, tendo um apartamento no Porto já disponível para os acomodar. A agência de manequins, revela Nuno Lagarto, pondera “arrendar um em Lisboa”. “Também estamos a tentar falar com outros países como Áustria e Alemanha para procurar encontrar soluções de trabalho para estas modelos e, por outro lado, estamos a contactar os nossos clientes, a avisá-los desta realidade, podendo possivelmente dar-lhes trabalho, e a receptividade tem sido boa”, acrescenta.

As modelos que estão a chegar são de vários pontos da Ucrânia. Temos uma de Mariupol, uma outra de Kherson, outras são de cidades e aldeias ucranianas. Elas já estavam a trabalhar com agências”, refere Nuno Lagarto.

A vinda para Portugal acontece – segundo refere o mesmo responsável ao Delas.pt – porque “Temos contacto com agências, alguns manequins já sabiam e têm passado a palavra a outros”. Nesta fase, prossegue o diretor do departamento internacional da Best Models, a companhia está “a tentar perceber em que circunstâncias estão as famílias destas modelos”.