Mónica Ferro pede a Guterres que conclua a agenda pela igualdade de género

Mónica Ferro
Lisboa, 7/3/2017 - Mónica Ferro posa na Praça de Espanha, zona onde reside. Ex-deputada do PSD foi eleita para o cargo de Chefe da Representação Regional do Fundo das Nações Unidas de Apoio à População. (Reinaldo Rodrigues/Global Imagens)

A diretora do Fundo das Nações Unidas para a População, Mónica Ferro, manifestou-se convicta de que António Guterres será reeleito como secretário-geral da ONU e esperançosa de que terminará a agenda da igualdade do género.

Mónica Ferro falava numa “conversa” com António José Seguro, antigo secretário-geral do Partido Socialista (PS), para apresentarem publicamente o livro O Mundo Não Tem De Ser Assim, uma biografia de Guterres escrita por Pedro Latoeiro e Filipe Domingues, que decorreu no Centro de Acolhimento para Refugiados, na Bobadela, arredores de Lisboa.

Questionada pelos autores sobre qual a vitória que gostaria que Guterres obtivesse num eventual segundo mandato, Mónica Ferro destacou a igualdade do género, lembrando que “esteve no bom caminho no primeiro mandato, que é um passo muito ambicioso”, interrompido em parte devido à pandemia de covid-19.

A diretora do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) (desde abril de 2017) defendeu também que Guterres, sempre na perspetiva de um segundo mandato como secretário-geral da ONU, está a trabalhar para garantir condições para que as Nações Unidas coordenem a reconstrução e reabilitação económica que terá de ser feita, tendo “uma preocupação especial com as populações mais vulneráveis”.

“Não pode ficar só no papel. As gerações vindouras não nos vão perdoar se perdermos mais esta oportunidade de fazermos o que tem de ser feito, que é construir um mundo com mais dignidade para todos. É muito ambicioso, mas o nível de expectativa que temos também é bastante elevado”, sustentou.

A também antiga deputada, que foi vice-presidente do Grupo Parlamentar do PSD, destacou “um dos esforços que foi muito visível dentro do sistema da ONU” feito por Guterres mal a pandemia começou e as medidas de resposta à pandemia.

“Foi nesta ideia que se percebeu que este era o momento crucial para a cooperação internacional. Até surgiu aquele ‘slogan’, que pode parecer pouco, mas que diz muito, quando o secretário-geral disse: ‘Nenhum de nós está seguro até todos estarmos seguros”. [O ‘slogan’] traduz exatamente a visão que tem de se ter agora”, sublinhou Mónica Ferro.

“A solidariedade internacional é um jogo de soma múltipla. Ou seja, não é o que alguém dá e o que alguém recebe, como se isso fosse um jogo de soma zero. A verdade é que esta solidariedade global se traduz em efeitos positivos para todos”, disse.

Além de ser uma obrigação, acrescentou, “é uma obrigação que os Estados assumiram e muitos deles até o introduziram nas suas próprias legislações”.

“Estamos a falar de compromissos assumidos que têm de valer alguma coisa, mais do que o papel e a tinta em que estão escritos”, sustentou.

Para a diretora do UNFPA, com sede em Genebra (Suíça), nesse contexto, um dos receios que existem globalmente é o perigo de se acreditar que as crises económicas que estão a afetar os grandes grupos de doadores possam ter uma “repercussão extremamente danosa” nos orçamentos de ajuda pública ao desenvolvimento e que os cortes sejam muito grandes, “numa altura em que o mundo precisa de mais solidariedade e não de menos”.

“Desde que a crise pandémica começou, o secretário-geral e o todo o sistema da ONU, esforçou-se por, um a um, identificar os grupos que estão em situação de maior vulnerabilidade e pedir dados sobre o impacto que a pandemia tinha sobre esses grupos e quais as respostas que esses grupos precisavam. É um trabalho de extrema minúcia”, destacou Mónica Ferro.

O livro biográfico sobre António Guterres, de cerca de 700 páginas, da autoria de Pedro Latoeiro e Filipe Domingues, foi editado pela Casa das Letras, associada ao Grupo Leya.