Os papéis mais emblemáticos da atriz Guida Maria

A atriz portuguesa Guida Maria morreu esta terça-feira, aos 67 anos, vítima de cancro, revelou à Lusa o encenador António Pires.

link_bebé“A atriz faleceu hoje de manhã, tranquilamente durante o sono, após ter sido vítima de doença prolongada”, referiu o encenador.

O velório da mãe da também atriz Julie Sargeant realiza-se hoje, a partir da 19h00, na Basílica da Estrela, em Lisboa, e o funeral tem lugar na quarta-feira, às 15h00, para o Cemitério dos Prazeres, também na capital.

Nascida em Lisboa, em 1950, Guida Maria fez cinema, ficção em televisão, mas sobretudo teatro, tendo participado em cerca de 40 peças, entre as quais A mãe, Auto da geração humana, A casa de Bernarda Alba e, possivelmente, uma das mais conhecidas da carreira, Os monólogos da vagina.

Uma carreira recheada de sucessos

Guida Maria seguiu as passadas do pai, o ator Luís Cerqueira, e estreou-se na representação com apenas sete anos, na peça Fogo de Vista, de Ramada Curto. Mais tarde, investiu em formação na área, frequentando a Escola de Teatro do Conservatório Nacional e a American Academy of Dramatic Arts, em Nova Iorque, nos EUA.

O primeiro trabalho de grande sucesso, que a tornou reconhecida entre os portugueses, surgiu em 1962, com a peça O Milagre de Anne Sullivan. Dez anos depois viria a fazer sucesso no cinema, com o filme A Promessa, de António Macedo. Uma obra que chegou a ser premiada no Festival de Belgrado e Cartagena.

Entre 1978 e 1998 foi atriz da Companhia Residente do Teatro Nacional D. Maria II, onde participou em peças como Auto da Geração Humana, O Alfageme de Santarém, As Alegres Comadres de Windsor, A Bisbilhoteira, A Casa de Bernarda Alba, Romance de Lobos e Bodas de Fígaro.

Em televisão, estreou-se na série Uma Cidade Como a Nossa, em 1981. No currículo contou também com as séries da RTP Não és Homem não és Nada (1999), O Crime (2001) e as telenovelas da TVI Olhos de Água (2001), Tudo por Amor (2002) e Baía das Mulheres (2004).

Uma atriz “frontal” e carismática, recorda Marcelo

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou a morte da atriz, recordando o carisma, a vivacidade e o “estilo frontal” da artista, no teatro português.

Numa mensagem na página da Presidência da República, afirma que Guida Maria “contribuiu em muito” para o sucesso em Portugal da peça “Os monólogos da vagina”, de Eve Ensler, “uma afirmação política da feminilidade”, que fazia jus à personalidade da atriz.

A peça Os Monólogos da Vagina, de Eve Ensler, que esteve em exibição no Teatro Auditório do Casino do Estoril, em 2000, foi um dos trabalhos mais marcantes da sua carreira. O espetáculo tinha por base várias entrevistas que a dramaturga norte-americana fez a diversas mulheres, de diferentes estratos sociais e ideais.

Nos últimos anos, e devido à doença e falta de convites para trabalhar, a atriz deixou de aparecer com tanta regularidade no teatro e na televisão.


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CC com Lusa